Subitamente olhei para ambos e levei um abanão invisível daqueles que o coração bate com força enquanto se interrompe a cadência natural da respiração. Parei naqueles segundos e mil pensamentos me passaram pela cabeça. O envelhecimento dos meus pais está a decorrer mais depressa do que o crescimento dos meus filhos. Isto será cronologicamente possível ? Se os mais novos estão a desenvolver-se a um ritmo alucinante ultrapassando escalas de tabelas estudadas para que os meninos as cumpram meticulosamente, sob pena de colocarem algum estudioso em causa (as tabelas que há não servem lá para casa), o ritmo de envelhecimento dos menos novos acelerou-se sem se saber muito bem desde quando. De repente a memória falha e baralha informação sem que os próprios deem muita importância a esse facto. As dores nas articulações e ossos já não aparecem "só" quando há muita humidade no ar, são constantes e incapacitantes. Os assuntos de interesse passaram a ser outros e as conversas de outrora perderam o relevo que tinham. Onde estive todo o tempo ? A envelhecer também como é óbvio... Vida de trabalho, sempre na correria para chegar a todo o lado, apagar todos os focos de incêndio... Cresci a vê-los trabalhar. Agora é a mim que os meus filhos veem trabalhar. Mas antes que eu pare, já os meus pais pararam. E sabemos qual a ordem natural da vida. Se pudesse parava tudo agora. Não quero crescer mais... pode ser ?...
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