Como mãe, cada vez que um filho faz anos, faço de tudo para que o dia corra bem e haja algo inesquecível ou pelo menos diferente. É sempre um dia cujos planos começam pelo menos 6 meses antes na cabeça dos aniversariantes. Já para a mãe, basta 1 mês, às vezes menos. O que interessa é comemorar um momento único. E é aí que está o que importa de facto para o que quero explicar: o momento único em que nasceram. O momento que por mais que o descrevamos, é na nossa memória que está vivo, não na deles. Podem saber até tudo o que se passou por nos ouvirem contar tantas vezes mas não têm a imagem que nós temos, nem o sentimento que voltamos a sentir cada vez que recordamos. Desde o medo de os perder por não se ouvir o coraçãozinho até aquela imagem do olhar indefeso, o beicinho a tremer para chorar, as extremidades do corpo esbranquiçadas e enrugadas pela falta do líquido das "águas rebentadas" há horas, a cabecinha meio deformada pelo encaixe perfeito, a beleza da vida, o contorno da boca, os olhinhos que nos fitam, os dedinhos da mão que se atracam a um só nosso dedo, a sofreguidão da mama... é esse milagre que como mãe comemoro de cada vez que um filho completa mais um ano. É essa bênção que agradeço cada vez que olho para eles. Fui agraciada com o dom da vida. Claro que comemoro muito mais do que o "momento único" pois a vida é feita de momentos únicos, desde o degrau que se sobe ao tropeço na pedra do caminho. Tudo faz parte. Mas aquele momento, desculpem-me o egoísmo, ninguém o tem como eu !
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