Se hoje fosse o meu último dia viva na terra… ficaria tanto
por fazer e dizer… estou a pensar em coisas boas, não naquele tipo de coisas do
tipo “diria umas verdades a fulano”. Não, nada disso. A vida encarrega-se de
ajudar as pessoas a encontrarem a verdade e a repô-la . As pessoas às vezes nem notam, não têm
percepção para distinguir, para identificar os sinais ou a bênção, sei lá. Ficaria
muito amor por dar porque nunca damos todo o que temos, felizmente. E muitas
palavras por levar sentimentos a quem não os deteta por atitudes. Tanto riso
que se esgotaria se não fosse termos de andar dentro de coletes de força de
sentimentos e das nossas loucuras saudáveis de correr a beijar quem nos apetece
só porque sim ! e de entrar pelo mar adentro todo nu de mão dada com aquela
pessoa sem que tenhamos de o justificar na esquadra ! As relações entre as
pessoas são demasiado estanques e contratuais associadas a uma possessividade doentia,
esquecendo que ninguém é de ninguém. Enfim. Há pessoas que queria abraçar mais
e dizer-lhes mais vezes que gosto delas. Pessoas tão fisicamente próximas e no
entanto… tenho de arriscar mais e sujeitar-me às suas reações. Todos os que amamos eternizam-se em nós. Ficam
sempre em nós. Mesmo aqueles breves amores de outrora ficam sob a forma da
recordação, lembrando doçuras momentâneas. Se hoje fosse o meu último dia com
vida, gostaria que ficasse de recordação o que dei de mim: o amor, os sorrisos,
o amparo de um abraço, a esperança viva e a certeza de que estarei sempre
presente no vento (como um dia sonhei). O vento que baloiça as folhas secas, a brisa das tardes mornas, o ar que envolve tudo e tudo revira.
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