Perdi o teu porto
esse porto sem abrigo
porto de tempestades e calmaria
onde a força do mar me transcendia
onde a calma tantas vezes me sorria
Perdi o teu porto
soltaste as amarras sem dó
e o barco voltou aquela imensidão eterna
navega sob o sol, entre ventos
fugindo aos raios que avista no céu
Perdi o teu porto
mas não perdi o norte
remo junto à costa
mas distante o suficiente
sem intenção de atracar.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Programa Leite de Vacas Felizes
Não. Não tenho comissão. É conhecido o meu carinho imenso pelos Açores. Porquê ? Por tudo o que há nessas terras férteis. Desde os animais às pessoas, às flores, plantas, frutos, paisagens, o peixe, o azul do oceano e o azul do céu, as nuvens brincalhonas que ora choram ora dão lugar ao sol, pelo ar que se respira... Sim, acredito que as vacas são felizes nos Açores. E são lindas, sempre limpas e em liberdade !
quinta-feira, 23 de julho de 2015
(Re)carregar baterias
Perdi-me pelos jardins do expoente máximo do Romantismo em Portugal no séc. XIX, onde está sempre presente a influência arquitetónica manuelina e mourisca...
A perder de vista...
Árvores centenárias que guardam segredos...
Caminhos frescos onde se inspira ar puro...
quarta-feira, 22 de julho de 2015
No more tears
The change is happening
Slowly
Scream higher where no one can hear you
Turn the way for a better way
Leave your life
Be yourself not only in the dark
Please don’t stop
Breathe freedom
Be you
You’ll be safe
Don’t worry
There’s always somebody protecting you
Somewhere, somehow
Be brave and you’ll get it
Só quem já levou uma anestesia geral compreenderá o que vou dizer. Naquele momento em que ainda conseguimos ver a enfermeira que nos acarinha mas que o líquido maravilhoso nos entra pela corrente sanguínea lentamente, é das melhores sensações de desapego, desprendimento de tudo que se pode ter. Se a morte vier assim, será de facto a entrada no paraíso. Naquele momento nada importa. Há como que uma entrega total, uma perca total de forças e de poder sobre nós mesmos que é real, a partir dali nada nos pertence, nada podemos escolher. Sentimos a leveza do espírito a abandonar o peso do corpo. E cada vez que me acontece, acordo a chorar sem saber porquê... Saudades deste mundo ?... ou boas sensações de outro qualquer...?
terça-feira, 21 de julho de 2015
O equilíbrio perfeito não existe
"A vida resulta de um movimento entre dois polos energéticos, é o caminhar do Yin para o Yang, é uma transformação constante de energia em matéria e matéria em energia. A matéria dá-nos forma e a energia a força propulsora que nos anima e movimenta."
A vida advém do desequilíbrio entre estes dois polos. O equilíbrio quando acontece, é sempre temporário como tudo. Crescemos entre contrários: sim/não, mal/bem, quente/frio, preto/branco, amor/não amor, masculino/feminino, saúde/doença ... parece que quem escolhe o talvez, mais ou menos, morno, cinzento, amizade está sempre por definir aos olhos de muita gente. Aceitar o desequilíbrio é aceitar as adversidades da vida. Há sempre novos desafios, novas procuras. Há sempre esperança que se consiga atingir o equilíbrio... ainda que temporário.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Sabe tão bem ! Ter um intervalo para fugir à realidade ! Pegar na melhor companhia, deixar para trás as obrigações e abraçar as devoções ! É tão bom num dia de calor entrar pela água adentro e refrescar o corpo e sobretudo a cabeça, abandonando estereótipos e vidas demasiado formatadas ! Faz tão bem explorar áreas naturais menos bem conhecidas, descobrindo bicharocos em tudo quanto é buraco, caminhar na água enquanto pequenos caranguejos se esforçam por fugir entre peixinhos tão pequeninos que quase não se deixam ver !
Que maravilha poder observar as cores da natureza ! Que histórias contaria esta parede rochosa marcada pela água do mar e pelo tempo ?... Fazia parte da serra e enamorada do mar, um dia criou coragem e lançou-se numa corrida desenfreada para os braços do seu amor. Ali ficou mais perto, e anseia por todas as marés cheias, altura em que o mar a abraça e envolve em todo o seu esplendor !
Mas não é um amor perfeito... deixa marcas e corrói cada vez mais o seu exterior deixando-a com um aspeto envelhecido embora já conformista, pois por muito que tente, jamais o abandonará. Não tem forças. (Ai... o amor...) :)
Reconforta e enriquece encontrar tesouros destes ! Uma pequena gruta com pedrinhas de várias cores, qual tesouro deixado por Neptuno para que sereias e ninfas brincassem entre sorrisos e cantos sedutores !
É bom, sabe bem, faz melhor ainda ! Soltar a imaginação, criar situações novas, improvisar o dia ! Promover o descanso através da atividade fisicamente emocional (isto existe ?!) ! Aproximar, estreitar laços, rir em conjunto, descobrir novas coisas com quem amamos, com quem está em nós, com quem somos ! Basta-me para viver feliz, amar para mim é isto. Simples.
sábado, 18 de julho de 2015
A grande caminhada da Vida VIII
Caminhava com uma sensação no peito diferente de todas as que já sentira. Um vazio, uma falta... tocava o amor, sem dúvida. Sentia falta de um abraço que há muito não tinha, de um colo que sabia não voltar a ter porque crescera, tinha falta daquele aconchego que tinha em menina, do mimo que não tinha fim, das cantigas populares que jamais conseguirá reproduzir... queria enfiar o nariz naquele peito macio e fofo de paz e amor que sempre lhe transmitiu segurança e confiança. Seguiu aquela força que a chamava. Era saudade. Saudade daquele amor cheio sempre presente, Ainda é a sua pequenina. Sim. Voltou a senti-lo. Só o olhar diz tudo e tudo compreende. E voltou ao caminho com a certeza de que o será sempre, para sempre. E ela será sempre a sua paz, a sua tranquilidade mesmo quando partir. Cada vez mais distantes, estão no entanto cada vez mais próximas... no sentir, no amar.
Hoje é um dia importante, um dia a ser comemorado - faz precisamente hoje dois anos que deixei de fumar ! Estou orgulhosa de mim por muitas razões. Já não cheiro a tabaco. O meu cabelo cheira a produtos de cabelo ! A minha roupa cheira ao meu corpo e ao perfume que coloco pela manhã. Não escondo as mãos quando vejo um bebé pois já não têm resíduos de tabaco. Respiro muito melhor ! É raro constipar-me e quando acontece facilmente me curo. Não voltei a ter uma infeção respiratória. Brinco, corro, e canso-me o normal como toda a gente. Tenho o olfato apuradíssimo como muitos gostariam de ter (cheiro o tabaco a milhas...). E... não suporto o hálito de quem fuma. Por incrível que pareça, até o meu útero que estava envelhecido, recuperou o bom aspeto ! Sim,mulheres, o tabaco entra na corrente sanguínea e estraga tudo !! Como fui capaz de durante tanto tempo chegar a casa sem me aperceber do cheiro horrível que cada abraço e beijo levava aos meus filhos...?
Não me considero ex-fumadora. Apenas não acendo cigarros. Sei que não posso voltar e NÃO vou voltar. Das grandes decisões que tomei ao longo da minha vida (e quando digo grandes, são grandes mesmo!), esta foi sem dúvidas das melhores ! Cada um faz o que quer da sua vida, mas acreditem, é tão bom respirar sem resíduos nos brônquios, sem tosse, sem expectoração ! Sinto-me livre !
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Separar, saber separar as coisas sejam elas quais forem. Se - parar. Se parar a movimentação das coisas, torno estático tudo o que habitualmente está em movimento e aí mais facilmente distingo o que é cada coisa no todo. Paro as pessoas, paro os objetos, faço um quadro momentâneo para estabelecer relações entre os vários elementos e poder chegar a alguma conclusão sobre os resultados obtidos até então. (Às vezes acho tudo muito matemático, muito previsível, pois como na matemática as coisas podem fazer-se de várias maneiras embora na prática se obtenha o mesmo resultado.) Tudo na vida tem um propósito embora nem sempre consigamos perceber o porquê. E é nessa tentativa de entender a realidade que vou desmontando peça a peça, rodando cada uma, observando em perspetivas diferentes, ver se têm relação com outras peças ou não, verifico a função de cada uma, o contributo que oferece ou a necessidade que exige, volto a montar tudo e... repito se necessário. E ao fim de algum tempo se não conseguir entender a engrenagem, parto para outra realidade. É imprescindível saber separar. Separar elimina o que não faz falta, limpa, arruma, deixa espaço, renova.
Se não se parasse o movimento da dança abaixo, não se distinguiria o efeito da areia...
quinta-feira, 16 de julho de 2015
Contemplação. Dar-nos espaço para contemplar, para admirar com a alma. Que luxo tão bom !
Contemplação é arte, disse Rodin. Sim. Não há muitos a exercer essa atividade. Podem até tentar mas não se despegam, não meditam, não sonham, não acreditam, não procuram a verdade. Contemplar é ver para além de, é ver mais do que está à vista, é perceber o que levou àquilo, perceber que se a estrela brilha é porque à sua volta é tudo escuro. Quem não percebe isto, só dá valor ao brilho que encadeia desvalorizando o que contribui para tanta luz.
Passa-se o mesmo com as pessoas.
Pensem nisto.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Há dias, por necessidade de encontrar um determinado objecto, acabei sentada no chão a ver mil e uma fotos que tinha dentro de caixas num armário. Espalhei, fiz montinhos, dividi... Encontrei muitas recortadas o que me deu uma imensa vontade de rir. Não fui eu que as recortei e é curioso que olhar para uma foto assim ainda nos lembra melhor quem lá estava, e até o que se passou nesse preciso momento em que a máquina disparou. Todas juntas formam uma história mal contada, pois muitos dos momentos das fotos são criados para mais tarde recordar o que na verdade não existia. Ainda assim, há momentos dos quais não tenho registo fotográfico físico mas que estão para sempre arquivados na minha memória. Há imagens que a lente da máquina não consegue focar tão bem como o nosso coração. Há momentos deliciosos que deviam ser mantidos eternos mas que fatores externos à nossa vontade, fazem desaparecer para sempre. Custa quando queremos lembrar um momento partilhado e percebemos que somos únicos donos dessas memórias. Ou porque a pessoa já partiu para outra qualquer dimensão (foram tantas já!), ou devido a problemas que afetaram a memória.
Rever os bebés que foram nascendo na família, os avós todos, os Natais em família, ver-me de touca no meu barquinho de borracha na praia, a minha mãe tão bonita... Foi bom ver as fotos da infância feliz que tive, livre, solta, volta e meia de braço ao peito... Quanto mais idade temos menos livres somos, a não ser no pensamento que voa sem limites.
Rever os bebés que foram nascendo na família, os avós todos, os Natais em família, ver-me de touca no meu barquinho de borracha na praia, a minha mãe tão bonita... Foi bom ver as fotos da infância feliz que tive, livre, solta, volta e meia de braço ao peito... Quanto mais idade temos menos livres somos, a não ser no pensamento que voa sem limites.
terça-feira, 14 de julho de 2015
As relações entre as pessoas é das coisas mais complexas com que já me deparei na vida. É preciso que se note de antemão que ao nos ser apresentada determinada pessoa, já contemos em nós o que é "conhecer" alguém pela primeira vez, possuímos algum conhecimento anteriormente recolhido, experenciado, que vamos utilizar nessa situação "nova". Mutuamente, vamos tentando encontrar pontos de interesse comum, semelhanças ou precisamente o oposto. Tudo depende da atitude de cada um e de uma série de outros elementos que nos caracterizam que vão desde a educação, formação, personalidade, hobbies, passado e outros tipos de conhecimentos, etc, etc. Ora, isto torna-se complicado pois cada um tem o seu carácter, a sua personalidade, as suas reacções, a sua vida. Cada pessoa é única. Ninguém é igual a ninguém. E o que é igual agora, daqui a pouco deixa de ser. Tal como o tempo muda repentinamente, as pessoas têm reacções diferentes em tempos diferentes, mesmo que o estímulo seja o mesmo. Se o instinto não é previsível, imagine-se se se juntar o sentimento. É que os sentimentos reactivos roubam-nos a identidade e a possibilidade de crescimento pessoal. Temos de fomentar a atitude pro activa para saltar de nível e ultrapassar qualquer dificuldade que insista na ansiedade. Tomar decisões, escolher a melhor opção, eleva a auto-estima e confiança. E todas estas medidas podem conduzir a um novo rumo. Há alturas em que o destino brinca connosco e devemos parar um pouco para reconhecer a situação e aceitar. São novas oportunidades para refazer a obra iniciada há tanto tempo e que pode estar a precisar de polimento.
A grande caminhada da Vida VII
Há qualquer coisa que não está bem... Alice sente os pés frios. Olha para baixo e vê água no seu caminho. A água, esse elemento que tudo consegue invadir contornando cada pequeno obstáculo, engolindo e arrastando tudo à sua passagem quando em quantidade. A sua força pode ser brutal. Mas que água turva é esta, de onde veio ? Alice está próxima do pântano... à sua passagem há mãos que surgem do chão tentando desequilibrá-la para que seja sugada por toda aquela lama viscosa. Ela continua por aquela pequena ponte de pedras que se desmorona à sua passagem. Alice sabe que não pode voltar atrás. E sabe também que se colocar mal o seu pé pode acabar com tudo. Rebenta um trovão e a chuva escurece a visão do caminho. É então que do nada as árvores lhe estendem os ramos trémulos e a ajudam na tempestade. Há uns que se partem, outros a que não chega. Mas há um que a sustenta. Parece não terminar nunca esse ramo. É o ramo da vida, do amor que a gerou e que mesmo frágil suportará sempre as suas debilidades. Está sempre lá, até um dia também ele partir. Alice toca-lhe e sente a energia a renovar-se em si. Sente que tudo pode vencer. Não haverá pântanos, tempestades, ventos que a travem. Alice é luz e não haverá sombra que a apague. Ergue os braços aos céus e mais uma vez agradece. O caminho faz-se caminhando. De cabeça erguida !
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Leio e releio mensagens trocadas entre nós. Cada palavra, um despertar, um começo de conversa. Conversas crescentes de interesse que me levam mais além. E todas as palavras entre nós tocaram o sentimento, o mais profundo sentimento, sempre ao de leve. Tão depressa sorriamos como facilmente uma sombra se apoderava das nossas auras. Quantas vezes se soltou involuntariamente uma gotinha dos meus olhos ao ler os teus sentimentos... as tuas incertezas contínuas que alimentam o teu percurso e te fazem cair e levantar logo de seguida, as tuas mágoas que se mascaram com um sorriso perante a maravilha da Natureza. Sabes, acho bonita esta amizade, este trocar de ideias, de energias, esta presença espiritual, este dar as mãos à distância.
domingo, 12 de julho de 2015
Homens com H - precisam-se !
Em terra de muitas mulheres disponíveis, não se diz "quem tem olho é rei", outra qualquer coisa se dirá... Tenho assistido a danças, rodopios, olhares fulminantes,... de tudo, na caça ao homem.Faz-me crer que se largassem um cobiçado garanhão na arena perante dezenas dessas mulheres sedentas de satisfação sexual, elas iriam engalfinhar-se de tal forma que até descabeladas iriam ficar! É vê-las nas dietas e na maquilhagem excessiva para ter entrada no "mercado". Fico desiludida quando as vejo em cima de 14 centímetros, dobrando os joelhos ao andar, bandeando as nádegas enquanto de GPS ligado para detectar qual o macho mais vulnerável, arrastam um filho pela mão...E mais desiludida fico quando vejo que até os homens com quatro dedos de testa, deixam momentaneamente o pensamento ser conduzido por outras partes do corpo... Pois. Junta-se a fome com a vontade de comer. Minhas amigas, sejam discretas pois há muita maneira de fazer as coisas. Se não querem um gajo que beba, não vão à procura dele num bar ! É que se continuam assim, dão uso ao corpinho mas acabam com o resto - cansam o coração e a cabecinha fica cada vez mais vazia. Vão acabar umas velhas sozinhas com muitas histórias para contar aos animais domésticos que vos fizerem companhia. E vocês meus amigos, lembrem-se que a vida é muito mais do que um par de nádegas femininas na vossa frente. Estimulem a inteligência, o bom humor, o companheirismo caso contrário acabarão usados como estão habituados a usar. É uma verdade que as mulheres estão cada vez mais bonitas e cuidadas ... já os homens quando se cuidam demasiado tornam-se competitivos com as mulheres e a mulher prefere que o macho assuma o seu papel e não que tome o dela.
Vão com calma. Não se iludam... podem deitar tudo a perder... E as que não agem assim (ainda há muitas meus senhores) mantenham-se, porque serão recompensadas mais tarde ou mais cedo com algum humorista inteligente daqueles que até sabe o que é amor de verdade.
Ser filho único...
Continuo a procurar o irmão que não tive...
Tenho dificuldade em pedir/aceitar ajuda...
Aceitar a ignorância, por vezes troça, de alguém sobre algo que gostamos pode ser sinal de humildade... mas custa como o caraças ! Bem sei que devemos respeitar opiniões diferentes das nossas e o facto de as ouvirmos pode até contribuir para que alteremos as nossas. Bem sei que não podemos gostar todos de amarelo se não o mundo era mais monótono que... enfim. Mas esse tipo de atitude vinda de pessoas que (pensamos) conhecer há muito, surpreende pela negativa e revela o verdadeiro carácter da pessoa. Mostra desinteresse, desprezo pelo que nos faz sentir bem. Em suma, quem minimiza aquilo que faço para me sentir bem (e que não prejudica ninguém ao meu redor), ou não me conhece ou nem sequer está interessado em conhecer-me. Portanto, pode seguir. Boa viajem.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Sabe tão bem quando aquela vidinha rotineira que nos arrasta para o desgaste físico e mental é interrompida pelo inesperado. Não sendo esperado, obviamente, o inesperado acontece, surpreende. É como um corte abrupto, um semáforo que cai vermelho sem passar pelo laranja, é um chegar sem aviso. Aí, trava-se de repente, e de impulso tens de decidir o que fazer sem dar muito espaço ao pensamento. E decides deixar-te levar. E sabe bem. E adoras. E melhor que tudo, faz-te bem.
O inesperado abana a estrutura. Propõe recomeços. Motiva a criatividade. Chama-se a isto viver o momento, sem planos, ajustando tudo em cima do joelho. No inesperado cabe o impossível mostrando que se pode esperar o improvável.
quinta-feira, 9 de julho de 2015
E a lágrima saiu
cheia na sua forma
brilhante e salgada
empurrada pelo mar de sentimentos
toda a beleza que tinha
ficou perdida ao deslizar pelo rosto que queimou
Lágrima fácil
incompreendida por muitos
pouco resistente
surge na tristeza
abunda na alegria
É o transbordar da alma
palavras que não existem
tamanho é o amor
Estou farta de mandar, de comandar. As pessoas à minha volta estão tão habituadas a que alguém dê ordens que se encostam. Acham até que eu gosto de mandar. Já fui a "sargenta", mandona, e há quem me veja como "a senhora perfeitinha". Por favor, que se chegue alguém à frente para tomar as rédeas das bestas se não a carruagem um dia vira ! Esta coisa de ser bem comportada toda a vida, obediente, respeitadora... enfim. Às vezes penso que devia ter seguido a vida militar. Era a minha oportunidade de não ter que decidir grande parte do dia. Assim, tenho que programar o meu dia, o de outros, e terminar o dia em beleza pensando em pormenores do dia seguinte. BAH ! Por sorte não sou chefe no campo profissional. Eu acredito até que as pessoas não se apercebam deste sentir. Vêem-me sempre à pressa e com objectivos para cumprir com optimismo para seguir em frente. Só que depois, quando consigo parar (hoje foi a estas belas horas, resistindo ao sono) dispo a armadura de guerra e vem a fragilidade ao de cima. Afinal, aquela durona que está sempre a controlar também cai por terra, de cansaço, quando ninguém está a ver... e relembra os ataques durante o dia, e fala sozinha, e aborrece-se... e recusa a fragilidade desculpando-se com o sono que sente. Espera-se sempre que faça o melhor e bem feito (tem sido sempre assim). Sou humana, também falho. Estou farta de ser o farol de tanta gente. Quebre-se a vigia ! Saia-se do trilho ! Grite-se no alto da montanha ! A realidade da loucura está a um passo da sanidade mental...
quarta-feira, 8 de julho de 2015
A grande caminhada da Vida VI
Durante a noite, algo chamou a atenção de Alice. Brilhou
instantaneamente. Entre tropeços e sorrisos, encontrou-o no meio dos sonhos. O
brilho que viu era o reflexo dos seus cabelos, soube-o mais tarde. E a partir
daí, em cada gesto seu seria correspondida com gesto idêntico. Em cada desejo,
em cada pensamento. O coração batia-lhe mais depressa sempre que o imaginava.
Na sua presença a respiração diminuía porque lhe bastava estar ali. Havia
magia. Palavras para quê quando a dança resume tudo… espelho encantado numa
noite de Verão ! Delicadamente, Alice beija-o e junta-o ao seu peito antes de
adormecer, não o quer quebrar por nada, é único. Guarda-o no coração para
sempre ao mesmo tempo que uma lágrima rola até aos lábios. E sorri.
Se hoje fosse o meu último dia viva na terra… ficaria tanto
por fazer e dizer… estou a pensar em coisas boas, não naquele tipo de coisas do
tipo “diria umas verdades a fulano”. Não, nada disso. A vida encarrega-se de
ajudar as pessoas a encontrarem a verdade e a repô-la . As pessoas às vezes nem notam, não têm
percepção para distinguir, para identificar os sinais ou a bênção, sei lá. Ficaria
muito amor por dar porque nunca damos todo o que temos, felizmente. E muitas
palavras por levar sentimentos a quem não os deteta por atitudes. Tanto riso
que se esgotaria se não fosse termos de andar dentro de coletes de força de
sentimentos e das nossas loucuras saudáveis de correr a beijar quem nos apetece
só porque sim ! e de entrar pelo mar adentro todo nu de mão dada com aquela
pessoa sem que tenhamos de o justificar na esquadra ! As relações entre as
pessoas são demasiado estanques e contratuais associadas a uma possessividade doentia,
esquecendo que ninguém é de ninguém. Enfim. Há pessoas que queria abraçar mais
e dizer-lhes mais vezes que gosto delas. Pessoas tão fisicamente próximas e no
entanto… tenho de arriscar mais e sujeitar-me às suas reações. Todos os que amamos eternizam-se em nós. Ficam
sempre em nós. Mesmo aqueles breves amores de outrora ficam sob a forma da
recordação, lembrando doçuras momentâneas. Se hoje fosse o meu último dia com
vida, gostaria que ficasse de recordação o que dei de mim: o amor, os sorrisos,
o amparo de um abraço, a esperança viva e a certeza de que estarei sempre
presente no vento (como um dia sonhei). O vento que baloiça as folhas secas, a brisa das tardes mornas, o ar que envolve tudo e tudo revira.
terça-feira, 7 de julho de 2015
Quantas mais histórias terei de vincar na minha pele até encontrar a tua ?
Quantas mais horas de sol suportarás até que te rendas ?
Quanta água perderá o meu corpo até que possa amparar o teu ?
Que caminho queres seguir que não se cruza com o meu ?
Quantas palavras minhas te levará o vento sem que o sintas ?
Quantas mais perguntas farei até que me cales ?
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Tenho por vezes a sensação de que
estou neste mundo para trabalhar, para servir os outros., como que tele
comandada. Não há tempo para mim. Aliás, estou a ser injusta. Eu consigo
arranjar tempo para mim, claro que em detrimento do tempo para fazer outras
coisas. Ou seja, quando acaba o tempo que arranjei para mim para disfrutar,
tenho de num curto espaço de tempo que se lhe segue fazer o que estaria já
feito no período tempo do qual tirei um pedaço para mim. Fiz-me entender ?... O
descanso que consegui obter, gasta-se imediatamente.
Todos nós tempos uma missão na
Terra, não sabemos é qual é que está guardada para nós. É estranho pensar nisto…
Eu não penso que “está escrito”. Mas não
estás aqui por acaso, não andamos à deriva, há como que um fio condutor não que
te guia mas que deves guiar-te por ele. Pronto. Já meti os pés pelas mãos outra
vez… Se não me guia porque devo segui-lo ? Vamos por outra via.
Acho que somos pequenas peças de um jogo muito
grande chamado Universo. Quer queiramos quer não, a posição dos astros
influencia o nosso comportamento desde o nosso nascimento. Se até se contam o
nº de luas para avaliar o términus da gestação das fémeas, ou fazem-se
previsões de culturas e colheitas mediante a observação das estações do ano… se
cada elemento deste universo tem a sua função, nós também temos de ter. Somos
os peões que andamos para a frente ou para trás, consoante as regras do jogo.
Essas regras são muitas vezes aldrabadas por quem joga, mas logo vem a
repreensão da Natureza para jogar de acordo com o previsto. Não. O “meu” Mundo
não pode ser tão redutor, tão limitado…
Acho que procuro explicar tudo
quando nem tudo tem explicação.
E que bom que há coisas sem
explicação ! É uma chatice esta coisa da causalidade ! O melhor mesmo é ir
fazendo escolhas, estabelecendo objetivos, cortando metas, e de vez em quando
fugir ao percurso que também faz bem ! Arrisca !
Só para começar o dia...
Porque me apetece, porque sou mulher com mais de 40...
Mulher - um ser único ! por Paulo Coelho
Porque me apetece, porque sou mulher com mais de 40...
Mulher - um ser único ! por Paulo Coelho
sexta-feira, 3 de julho de 2015
A grande caminhada da Vida V
Alice caminha de cabeça baixa. Está triste. Sente-se só. Uma
coisa é estar só, outra é sentir-se só. Está frequentemente rodeada de seres
idênticos a si. Uns riem, outros falam, outros passam simplesmente por si.
Outros há que sem falar, estão em permanente contato consigo mentalmente, pois
o coração emite uma onda magnética que os mantém em contato permanente. Mas
hoje nem esses. Alice caiu. Não está só – sente-se só. Envolta em pensamentos
dúbios, hipóteses rebuscadas de traições, colocando até em causa as opções do
caminho, o otimismo não abunda de todo. Sabe que as incertezas fundamentam o
que não tem fundamento porque é incerto, proliferando a idiotice. Não consegue
parar. Há um grito interno clamando por sossego. Mas é um grito surdo, apenas
detetável pela sua consciência que a
tenta encaminhar pela via da razão. Também há dias assim. De revolta. Alice
sabe que o consolo virá da capacidade de saber esperar. Da sabedoria alcançada
com a maturidade. Mas é difícil a espera. Alice questiona o caminho, questiona
se tem capacidade para saber esperar. Hoje não. Hoje nada. É melhor nada fazer.
Amanhã será um melhor dia para continuar, sem sombras. Pausadamente Alice fecha
os olhos e o coração, e descansa.
“cego
de ser raiz
imóvel
de me ascender caule
múltiplo
de ser folha
aprendo
a ser árvore
enquanto
iludo a morte
na folha tombada do tempo “
© MIA COUTO
In Raiz de Orvalho e outros poemas, 1999
quinta-feira, 2 de julho de 2015
As pessoas que me dão pena são
aquelas que tendo o conhecimento na mão, preferem deixá-lo cair do que
apreendê-lo. São sobretudo aquelas pessoas que nadando em ignorância, não dão
importância aos detalhes da sua vida e ocupam-se dos detalhes da vida dos
outros. Ou que insistem em ser o centro das atenções por motivos absurdos. Tenho
pena das pessoas que descuidam o seu interior enfeitando em demasia o exterior,
tapando o sol com a peneira. (Não tenho pena da mãe pobre que se subalimenta
para comprar um caderno para o filho ir à escola – admiro-a, venero-a, merece
ajuda). As pessoas de quem tenho pena não me ensinam nada de novo, muito pelo
contrário. Confundem, empatam, produzem “lixo” verbal, atrasam, estagnam, são
repetitivas, dão demasiada importância a coisas fúteis e insignificantes a meu
ver, claro está. Depois… depois temos as outras pessoas, as que nos dão asas !
E é tão bom quando encontramos uma dessas pessoas ! Toda a tranquilidade que
nos proporcionam, é como um campo aberto que é sempre mais e mais extensível,
não há limites para assuntos, não há
cercas nos campos, não há preconceitos nos temas, os gestos são naturais, tudo
simplesmente flui… A paz que se sente na presença dessas pessoas é
inexplicável. Parece que a tensão nos ombros se esvai imediatamente pelas
extremidades dos braços. Caminhas na mesma direção com essa pessoa ao lado, sem
os desencontros frequentes que se verificam com outras pessoas. Basta dizeres
uma ou duas palavras que a pessoa completa o resto da frase, estão em sintonia.
É como viver na mesma frequência. As pessoas que nos dão asas estão dispostas a
voar connosco, e a planar contra o vento, a descer em voo picado, a fazer uns
loopings de vez em quando, a tomar o lugar da frente no bando por nós…
quarta-feira, 1 de julho de 2015
I hear the
voice
It comes
from far way
Sings
something I can’t understand
Don’t know
A far whisper
I look
around
From where,
from who
I’m going
to meet it
It calls me
It moves way
I run
Look to the
sky
The moon
smiles sneering
The
shooting star takes my desire
We’ll sing
the same song together
Somewhere,
someway
Don’t be
afraid
I’m here, to you.
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