terça-feira, 30 de junho de 2015


A grande caminhada da Vida IV

Continuava calmamente passo a passo, com o pensamento livre. Em cada passo a certeza de um caminho percorrido, deixado para trás, um tempo que não voltaria. Desde cedo que impôs a si mesma não se permitir ter saudades do passado. O que passou, passou. Nada de arrependimentos. A saudade puxa o lamento, a nostalgia do momento vivido, atrasa o andamento, encurta o caminho que se tem potencialmente pela frente. Alice levanta a cabeça para caminhar digna e decididamente, fazendo o melhor que sabe para aproveitar cada momento de vida. É então que um dos seus pensamentos fica preso na rama de uma árvore e a obriga a abrandar. Já não é uma árvore jovem. No entanto, as flores decoram-na num tom cromático do vermelho ao azul… Alice percebe pelo perfume de cada flor que se trata da árvore das suas paixões. Cada uma com um aroma. Cada aroma, um estímulo. Um estímulo para continuar em busca da paixão seguinte. A paixão pela natureza é talvez a maior e a que fundamenta todas as outras. As conversas com o mar entre a terra e o céu, o permitir que a voz da floresta entre no seu coração, deixar-se levar pelo cântico da lua ou ser abençoada pela chuva, receber humildemente a carícia do sol da mesma forma que contempla as estrelas numa noite de Verão… ahhh e as noites de trovoada em que cada relâmpago a recarrega de vida ! Alice sente-se poderosa nessas noites de imensa carga elétrica ! Ai… tanta paixão em flor nesta árvore… vem daí toda a força que a move, que a impulsiona no seu caminho de vida, pois a paixão é fogosa, quente, ardente e as raízes da sua árvore estendem-se até tocarem nas raízes da árvore do amor. Alice é apaixonada pela vida e assim continuará. Arruma o pensamento e segue, com esperança. Sempre.

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