terça-feira, 16 de junho de 2015



A grande caminhada da Vida II

A caminhada é longa e a noite aproxima-se. Alice arrasta os passos. Parece que os pés estão ligados diretamente aos olhos que já só abrem até meio. Estão ambos pesados. O cansaço acumula-se mas Alice acha sempre que tem forças para continuar, para fazer tudo o que esperam de si. Sim, porque ela já não exige nada de si própria, apenas aquilo que os outros esperam para que assim mantenham a ilusão de uma Alice forte e decidida. Como fora outrora. Como fora no tempo da liberdade partilhada, despreocupada, onde a vida decorria na linha do abismo, equilibrando sentimentos que hoje são interditos. E Alice dormia sempre, descansada, serena, tranquila. Depois inventaram o stress e a ansiedade aliados às responsabilidades. 
Vai para casa no caminho que sabe de cor por entre as flores, por onde pode fechar os olhos e ser conduzida pelo aroma das pétalas, na esperança de acordar na manhã seguinte com um beijo suave por entre dois raios de sol.

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