sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Foi preciso fazer uns quantos quilometros. E após estar ali à frente dele para que avaliasse um exame médico da sua especialidade o diagnóstico foi outro. Sim, porque o que estava no relatório qualquer um podia interpretar. O tratamento melhor que me aconselhou foi simples "faz aquilo em que acreditares que te vai fazer sentir melhor". Claro como água. O que é bom para uns não é para outros. O limiar da dor também difere. As vidas são únicas ainda que parecidas. Cada caso é um caso com características próprias. Foi fácil entendermo-nos. Mas quando me olhou nos olhos e me disse "acho-te entristecida e isso é abrir caminho para que a patologia se instale, andas triste ?".
Caiu-me tudo.
Naquele milésimo de segundo tanta coisa me passou pela cabeça. Onde estão os amigos(as) que dizem que se precisarmos é só ligar ? eu ligo para os amigos a perguntar como estão e quando falho não recebo nenhum telefonema a perguntar como estou. E se acontece ligarem, digo que estou bem. Sempre. Para quê preocupar com chatices do dia-a-dia aquela pessoa que também tem as suas chatices ? E na verdade, acho que quem nos conhece deve identificar quando não estamos a 100% ! Falo dos mais próximos, família por exemplo. Será que de facto consigo fingir assim tão bem para a minha mãe (porque não lhe quero dar aborrecimentos)? será que ela detecta ? Não quero que consiga. Merece tranquilidade, sono descansado, sorrisos, tem sofrido tanto...
Respondi-lhe que não andava triste (!) mas sim cansada. E ando. Só que uma coisa leva à outra. Ele é inteligente e percebeu que eu não queria falar, nem era o momento pois a sala de espera estava cheia. Mas surpreendeu-me a sua sensibilidade para observar a alma pelos meus olhos. Detetar a causa da patologia pela análise do todo.  A flexibilidade no tratamento a adotar apoiando a mezinha caseira. Senti que é especial e que também ele estava especialmente sensível. "Foi um prazer" disse-me quando saí. Obrigada.


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