Disse que queria um desses amores verdadeiros que a fizessem sentir única. Única porque seria valorizada e amada pela sua singularidade, por aquilo que era e nunca por aquilo que poderia construir para agradar a alguém (porque isso não seria verdadeiro). Sentir apoio e amor sempre, para que mesmo que falhasse pudesse ter um amparo, um refúgio, uma compensação, um porto seguro onde voltar.
Proteção. Sim, no fundo devia ser isso que procurava num mundo onde sempre foi exemplo de valentia e coragem, num mundo onde mostrar fraqueza não é de vencedor. Queria um amor que fosse o prolongamento de si mesma como nos poemas, em que os corpos de misturam e as almas se abraçam sem distinguir quem é quem. Um amor que ficasse feliz com o seu sorriso, que brincasse, corresse com ela na praia e que soubesse estar em silêncio à espera que o sol tocasse o horizonte e depois a envolvesse num abraço daqueles quentes e macios... Um amor com cães, gatos, enfim animais à volta, e flores e crianças e uma família enorme e feliz ! Queria com quem partilhar um jantar à luz das velas sem se queixar do cheiro das mesmas ou de não ver o que comia e depois fazer amor entre as sombras da lareira sem olhar a horas, posições, lingerie, apenas importando o amor que se faria e se sentia. Queria um amor que a surpreendesse, que se preparasse para ela, que a esperasse, que a desejasse, que a vivesse e desfrutasse, que envelhecesse com ela.
Entre vários relacionamentos, nunca teve nada disso. E ainda dava graças por nunca nenhum homem lhe ter alguma vez levantado a mão. Contradições. Tão culta e tão submissa no seu amor romântico...
E continuou com aquela imagem dura e forte a enfrentar a vida de todos os dias com um sorriso nos lábios. Continuou a levar amor a quem precisava. A escutar os corações destroçados. A chorar sozinha no seu canto sem que ninguém visse. Um dia foi encontrada morta. Estava só, como em toda a sua vida. Talvez tenha nascido apenas nesse dia.
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