terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A minha formação académica é toda na área das Ciências Sociais. E muito embora diversas vezes sinta o chamamento, na realidade o mais que faço é apoiar sentimentalmente, dou umas roupas e outros utensílios a Associações ou diretamente a quem precisa, ou ajudo monetariamente. Mas em determinados períodos, as pessoas parecem que precisam mais, ou por qualquer motivo evidenciam-se mais. Também pode ser por estarmos mais atentos e conseguimos identificar melhor esses indivíduos. Hoje é um dia em que me chegaram pedidos de ajuda de formas diferentes. Mas dois deles destacaram-se por se tratar de crianças que conheço. Tentei averiguar a situação familiar por contatos que disponho e a conclusão foi rápida: efetivamente não precisam de ajuda porque ambos os pais trabalham, dispõem de viatura e têm rendimentos suficientes para que as crianças andem bem alimentadas, sendo que usufruem de apoio escolar no que concerne a almoços e material necessário.
Apeteceu-me fazer uma revolução. É que também precisam de roupa e calçado porque crescem rapidamente, ainda que mantenham a magreza. E precisam sobretudo que os pais tenham cabecinha para orientar o que recebem, sabendo direcionar para o que faz mais falta no momento. E o que faz mais falta no momento pode ser um casaco, uma corda de saltar, um maço de lenços de papel, uma visita de estudo... As crianças não têm culpa das vidas dos adultos. Não pediram para nascer. Têm direitos. Têm acima de tudo o direito de serem felizes. E vê-los com o telemóvel xpto na mão e residentes (vulgo piolhos) entre os cabelos não pode ser aceitável em lugar nenhum do mundo !
Às vezes fico triste por não ter sido técnica do Serviço Social. Mas logo penso que terá sido melhor assim. Só ia arranjar problemas. Não me dariam a liberdade que eu desejaria para me mover nas ajudas e ainda acabava a levar crianças ou mulheres vítimas de violência para casa e a meter-me em situações complexas.
Sabem o que vos digo ? Quem precisa mesmo normalmente não pede. Sofre em silêncio tentando solucionar tudo sozinho. Deixa de comer para poder alimentar o seu filho. E se alguém o ajudar, agradece e um dia quando puder retribui o gesto de uma qualquer forma.

  

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