Fui lá. Procurei-a. Surpreendi-a, afinal não nos vemos todos os dias. Abracei-a, acariciei-lhe as faces dando-lhe beijos e disse o que me levava ali: gostar muito dela ! Que todos lhe querem bem porque é maravilhosa, que nos faz falta a todos, que precisa de libertar quem já partiu... e entre sorrisos de carinho, perderam-se umas lágrimas carregadas de um misto de amargura, saudade, ternura, preocupação. E ela disse-me "estou cansada", de viver entendi eu, sem o colo que partiu... voltei a reforçar o abraço de amor e energia que lhe queria transmitir e despedimos-nos com um sorriso trémulo.
Pouco mais de uma hora depois, e perante nova manifestação de saudade extrema, tive de refazer o meu discurso. Clamei para que siga os ensinamentos de quem partiu e os perpetue transmitindo-os a quem precisar. Disse-lhe que chegou a altura de por em pratica o que recebeu sendo porta voz desse familiar que partiu.
Tenho fé. Mas a preocupação está a minar a minha tranquilidade. Quem não a conhece e olha para ela, não deteta o problema. De uma alegria contagiante e efusiva, esconde por trás do brilho dos seus olhos uma tristeza sem fim unicamente detetável por quem sabe coisas da alma. E a sua alma está delicadamente frágil. Não pode, não deve enfrentar momentos de solidão. Descansar o corpo, a mente, dormindo para repor energia. Ocupar-se com pequenas atividades de caráter lúdico durante o dia (graças a Deus mantém o emprego!) é importante, bem como variar as relações pessoais para que sinta a amizade que emerge de quem com ela se relaciona. A força da união, a energia que emana da família e amigos de verdade podem (e vão) contribuir para que situações como esta se encaminhem da melhor forma possível.
A aceitação da morte de outrem, assenta na certeza de que nós estamos vivos. E se estamos vivos, devemos agradecer e aproveitar para fazermos os outros felizes, pois só assim o seremos também.
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