Como se diz a alguém que a morte não pode ser a solução para uma saudade imensa deixada por um ente querido cujo corpo deixou de viver ? Como se anima uma amiga profundamente deprimida que em tudo vê um motivo para justificar a sua descida para um poço onde não se bate no fundo porque os sentimentos não têm fundo ? Podemos sempre enumerar os restantes familiares e o papel desempenhado com cada um, na tentativa de valorizar o pessoa, atribuindo-lhe responsabilidades para com essas pessoas, descentralizando o foco de atenção para "algo" externo. Mas perante um tal estado de ansiedade, angústia, tristeza, estará a pessoa suficientemente capaz de tomar decisões para com os outros ? Conseguirá essa pessoa em estado frágil, à beira de saltar o precipício, acatar qualquer responsabilidade ? Terá discernimento plausível ? E as outras pessoas ? num mundo em que todos correm para lado nenhum, tentando acabar o inacabável deixando sempre algo por fazer num stress doentio e rotineiro em que a individualidade é idolatrada, haverá alguém com vontade, tempo, motivação, amor para dar apoio a tempo inteiro a uma pessoa que já não se sente como tal ?
Fui lá. Procurei-a. Surpreendi-a, afinal não nos vemos todos os dias. Abracei-a, acariciei-lhe as faces dando-lhe beijos e disse o que me levava ali: gostar muito dela ! Que todos lhe querem bem porque é maravilhosa, que nos faz falta a todos, que precisa de libertar quem já partiu... e entre sorrisos de carinho, perderam-se umas lágrimas carregadas de um misto de amargura, saudade, ternura, preocupação. E ela disse-me "estou cansada", de viver entendi eu, sem o colo que partiu... voltei a reforçar o abraço de amor e energia que lhe queria transmitir e despedimos-nos com um sorriso trémulo.
Pouco mais de uma hora depois, e perante nova manifestação de saudade extrema, tive de refazer o meu discurso. Clamei para que siga os ensinamentos de quem partiu e os perpetue transmitindo-os a quem precisar. Disse-lhe que chegou a altura de por em pratica o que recebeu sendo porta voz desse familiar que partiu.
Tenho fé. Mas a preocupação está a minar a minha tranquilidade. Quem não a conhece e olha para ela, não deteta o problema. De uma alegria contagiante e efusiva, esconde por trás do brilho dos seus olhos uma tristeza sem fim unicamente detetável por quem sabe coisas da alma. E a sua alma está delicadamente frágil. Não pode, não deve enfrentar momentos de solidão. Descansar o corpo, a mente, dormindo para repor energia. Ocupar-se com pequenas atividades de caráter lúdico durante o dia (graças a Deus mantém o emprego!) é importante, bem como variar as relações pessoais para que sinta a amizade que emerge de quem com ela se relaciona. A força da união, a energia que emana da família e amigos de verdade podem (e vão) contribuir para que situações como esta se encaminhem da melhor forma possível.
A aceitação da morte de outrem, assenta na certeza de que nós estamos vivos. E se estamos vivos, devemos agradecer e aproveitar para fazermos os outros felizes, pois só assim o seremos também.
Fui lá. Procurei-a. Surpreendi-a, afinal não nos vemos todos os dias. Abracei-a, acariciei-lhe as faces dando-lhe beijos e disse o que me levava ali: gostar muito dela ! Que todos lhe querem bem porque é maravilhosa, que nos faz falta a todos, que precisa de libertar quem já partiu... e entre sorrisos de carinho, perderam-se umas lágrimas carregadas de um misto de amargura, saudade, ternura, preocupação. E ela disse-me "estou cansada", de viver entendi eu, sem o colo que partiu... voltei a reforçar o abraço de amor e energia que lhe queria transmitir e despedimos-nos com um sorriso trémulo.
Pouco mais de uma hora depois, e perante nova manifestação de saudade extrema, tive de refazer o meu discurso. Clamei para que siga os ensinamentos de quem partiu e os perpetue transmitindo-os a quem precisar. Disse-lhe que chegou a altura de por em pratica o que recebeu sendo porta voz desse familiar que partiu.
Tenho fé. Mas a preocupação está a minar a minha tranquilidade. Quem não a conhece e olha para ela, não deteta o problema. De uma alegria contagiante e efusiva, esconde por trás do brilho dos seus olhos uma tristeza sem fim unicamente detetável por quem sabe coisas da alma. E a sua alma está delicadamente frágil. Não pode, não deve enfrentar momentos de solidão. Descansar o corpo, a mente, dormindo para repor energia. Ocupar-se com pequenas atividades de caráter lúdico durante o dia (graças a Deus mantém o emprego!) é importante, bem como variar as relações pessoais para que sinta a amizade que emerge de quem com ela se relaciona. A força da união, a energia que emana da família e amigos de verdade podem (e vão) contribuir para que situações como esta se encaminhem da melhor forma possível.
A aceitação da morte de outrem, assenta na certeza de que nós estamos vivos. E se estamos vivos, devemos agradecer e aproveitar para fazermos os outros felizes, pois só assim o seremos também.
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