As praxes preocupam-me. Revoltam-me até. Gostei de ser praxada no meu tempo pois foi um ato correto, negociado, que não me prejudicou em nada. Como o curso era diurno e a meio da manhã tinha de sair para o emprego (perdendo o resto das aulas), consegui que não me pintassem nem interferissem com o horário laboral e sempre que entrava na universidade, colocava um letreiro ao pescoço que me identificava como caloira numas palavras menos felizes.
Não sei de facto o que a maioria destes estudantes que praticam praxes violentas entendem por "ser estudante universitário". A meu ver, um estudante universitário, é uma pessoa que trabalhou, que se esforçou para atingir um objectivo, que tem capacidade para aprender e quer fazê-lo para que tenha um futuro melhor, mais desafogado. A entrada nesta nova fase deve ser um momento feliz a recordar por bons motivos. Não entendo, não consigo compreender, que estes jovens que serão o futuro da nação consigam praticar praxes a futuros colegas, assentando numa base de álcool e humilhação, colocando em risco a integridade do seu semelhante. Como se é capaz de pedir a alguém de 17/18 anos que cave um buraco onde será enterrado (até ao pescoço) ?? Para que se obriga alguém que não bebe álcool a ingerir bebida que o contenha ? Não terão noção das consequências ? Por amor da santa... ! depois de tantas histórias que já vieram ao conhecimento público... como é que uma mãe fica descansada ao saber que o filho vai ao encontro de uma situação de risco ?
Mas felizmente há locais que já fazem praxes de louvar. Ainda há pouco tive conhecimento de um grupo de caloiros que foram apanhar batata num campo onde a máquina passara e, naturalmente, muita batata fica para trás por ter medidas inferiores ao calibre estabelecido. As toneladas que conseguiram juntar foram encaminhadas para o Banco Alimentar (ler a noticia). Outros, andaram a pintar uma igreja que precisava de recuperação. Isto sim, são praxes como deviam de ser todas, ajudam quem precisa, aprendem o valor da solidariedade, ninguém sai prejudicado e ficam com uma história diferente para contar.
Os nossos jovens têm falta de hábitos saudáveis. Pois. E de exemplos saudáveis também. Tudo tem influência no comportamento e na lucidez com que se opta por certas atitudes. Responsabilidade precisa-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário