Lurdes apaixonara-se por aquele homem nem sabia explicar muito bem porquê. Nem muito bem nem de maneira nenhuma. Nem sabia se tinha realmente ficado apaixonada, essa era a verdade. No meio de tantos convites que selecionava conforme a sua disposição e dinheiro na carteira, aquele não lhe dirigia convite algum. Talvez fosse por isso mesmo que se destacava dos restantes. Não se aproximava dela tampouco, mas o seu olhar dizia-lhe o quanto a desejava. E assim foi, sem muitas conversas acabaram por sair juntos e se envolverem como ela não pensara que fosse acontecer. Ficou a saber mais tarde que era menino bem posicionado na vida, profissionalmente de sucesso reconhecido, sendo o mais velho de três irmãos,era o único a seguir os negócios familiares. O tempo não correu, o tempo deslizou como lámina no gêlo até ao pomposo casamento. Recebida como uma igual na família, toda a glória lhe era atribuída pois Jorge não teria ainda levado qualquer rapariga a casa até a conhecer.
Lurdes gostava daquela família. A mãe, senhora de muito bom gosto e educação mimava-a como a uma filha e estava sempre atenta a qualquer expressão ou comportamento que denunciasse que algo não corria bem. O pai, de ar cansado e sorriso no rosto, parecia controlar tudo para que nada faltasse a nenhum elemento. Estava feliz do filho mais velho ir casar, pois o filho do meio já era casado há algum tempo mas não conseguira descendência ainda e o mais novo estava entregue a uma missão humanitária em África - nem viria ao casamento.
Apesar de tudo isto, Lurdes sentia algo que não sabia explicar mas acabou por achar que era apenas nervosismo pela aproximação do grande dia.
A entrada na Capela da quinta da família foi deslumbrante. Pela mão do pai, Lurdes seguiu o seu destino sorrindo aos convidados que se viravam para admirar a beleza e serenidade que ficavam no ar por onde passava, até tomar o lugar ao lado de Jorge no altar. Não reteve nada do que o padre proferiu. Foi tudo automático e rápido. Ouviu "podem beijar-se" e perante todos Jorge deu-lhe um beijo seco e duro nos lábios. Ela tremeu toda. Estava casada e receou o futuro. Pensou que estava a ser parva e deu-lhe o braço com um sorriso.
continua...
Lurdes gostava daquela família. A mãe, senhora de muito bom gosto e educação mimava-a como a uma filha e estava sempre atenta a qualquer expressão ou comportamento que denunciasse que algo não corria bem. O pai, de ar cansado e sorriso no rosto, parecia controlar tudo para que nada faltasse a nenhum elemento. Estava feliz do filho mais velho ir casar, pois o filho do meio já era casado há algum tempo mas não conseguira descendência ainda e o mais novo estava entregue a uma missão humanitária em África - nem viria ao casamento.
Apesar de tudo isto, Lurdes sentia algo que não sabia explicar mas acabou por achar que era apenas nervosismo pela aproximação do grande dia.
A entrada na Capela da quinta da família foi deslumbrante. Pela mão do pai, Lurdes seguiu o seu destino sorrindo aos convidados que se viravam para admirar a beleza e serenidade que ficavam no ar por onde passava, até tomar o lugar ao lado de Jorge no altar. Não reteve nada do que o padre proferiu. Foi tudo automático e rápido. Ouviu "podem beijar-se" e perante todos Jorge deu-lhe um beijo seco e duro nos lábios. Ela tremeu toda. Estava casada e receou o futuro. Pensou que estava a ser parva e deu-lhe o braço com um sorriso.
continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário