sexta-feira, 29 de maio de 2015



A emancipação dos filhos é um processo tão natural como necessário. Nem todos passamos pelas mesmas situações e cada um reage de maneira diferente. Mesmo que o estímulo seja o mesmo a resposta difere de individuo para individuo. E tudo contribui para a formação pessoal e cívica. Vai-se adquirindo gradualmente direitos em troca do cumprimento de deveres. Seja em casa, na escola, no trabalho, individualmente ou em grupo. Por exemplo, em jogos de grupo aprende-se muito mais do que se possa julgar para enfrentar casos do dia a dia. E todos aprendemos as palavras mágicas: por favor, obrigado. Mas durante o desenvolvimento da criança e do adolescente atual, há por aí novo vocabulário a ser ensinado... mas isso não é para ser chamado aqui e agora pois estou a desviar-me do assunto central que quero expor. A questão é que como mãe, vivo uma dinâmica muito grande a toda a hora, pois se por um lado tento ajudar a crescer, responsabilizando e passando valores que me parecem pertinentes (como a amizade, a sinceridade, o respeito, a veracidade de sentimentos, a bondade, a clareza de pensamentos, a humildade, a generosidade,... etc), por outro lado apetece-me ensinar qualquer arte marcial que aniquile quem se atravesse no caminho, ameaçando as minhas crias. É um contra senso, eu sei. Eu própria tive de resolver situações muito difíceis na minha infância e pré-adolescência de teor dito "abusivo" e fi-lo sozinha (embora com muito medo, muitos nervos) mas até hoje não esqueço - marcou-me bastante. E estou bem preparada. Mas apesar de tudo, tinha e tenho amigos verdadeiros ainda dessa altura, e mais ou menos todos partilhamos os mesmos princípios. Hoje não é assim. As crianças são cruéis umas para as outras. E quando pensas em falar com os pais para trocar algumas palavras sobre situações absurdas entre crianças, reparas que esses pais nem sequer te respondem a um simples "bom dia" (embora já os conheças há anos) e que só te conhecem para falar do que não sabem a teu respeito, ou para cobiçar alarvemente o que não deves a ninguém. Desilusão. Como podem as crianças crescer e desenvolverem-se saudavelmente se os próprios pais são doentios ? Cada passo dos meus filhos para a maturidade é uma alegria para mim mas sempre a par de um possível aborrecimento. Começaram a andar sozinhos, podem ir para onde não saiba deles, podem cair,... Mas o facto de irem é bom para eles e também para mim. Custa-me quando tenho que dizer  aos meus filhos "ignora, eles não sabem o que dizem, faz o que achas bem e defende a tua convicção". E saber que não mudo o comportamento dos filhos dos outros por falar com os meus. Ter que os mandar todos os dias para a selva unicamente com a palavra como arma ! Dói-me chegar à conclusão que os pais não falam com os filhos (pois até os meus me dizem "mãe, eles não falam em casa, tu és diferente"). Não sei se não têm tempo, eu acho que para os filhos há sempre tempo: para falar e sobretudo para escutar. Não sei se os acham estúpidos, é que não são ! As crianças têm uma capacidade fantástica de observar o que os rodeia e absorver tudo ! Não conversem como se eles não vos entendessem, por favor. Incentivem a simplicidade e encham-nos de amor ! Eles merecem :)


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