A emancipação dos filhos é um processo tão natural como necessário. Nem todos passamos pelas mesmas situações e cada um reage de maneira diferente. Mesmo que o estímulo seja o mesmo a resposta difere de individuo para individuo. E tudo contribui para a formação pessoal e cívica. Vai-se adquirindo gradualmente direitos em troca do cumprimento de deveres. Seja em casa, na escola, no trabalho, individualmente ou em grupo. Por exemplo, em jogos de grupo aprende-se muito mais do que se possa julgar para enfrentar casos do dia a dia. E todos aprendemos as palavras mágicas: por favor, obrigado. Mas durante o desenvolvimento da criança e do adolescente atual, há por aí novo vocabulário a ser ensinado... mas isso não é para ser chamado aqui e agora pois estou a desviar-me do assunto central que quero expor. A questão é que como mãe, vivo uma dinâmica muito grande a toda a hora, pois se por um lado tento ajudar a crescer, responsabilizando e passando valores que me parecem pertinentes (como a amizade, a sinceridade, o respeito, a veracidade de sentimentos, a bondade, a clareza de pensamentos, a humildade, a generosidade,... etc), por outro lado apetece-me ensinar qualquer arte marcial que aniquile quem se atravesse no caminho, ameaçando as minhas crias. É um contra senso, eu sei. Eu própria tive de resolver situações muito difíceis na minha infância e pré-adolescência de teor dito "abusivo" e fi-lo sozinha (embora com muito medo, muitos nervos) mas até hoje não esqueço - marcou-me bastante. E estou bem preparada. Mas apesar de tudo, tinha e tenho amigos verdadeiros ainda dessa altura, e mais ou menos todos partilhamos os mesmos princípios. Hoje não é assim. As crianças são cruéis umas para as outras. E quando pensas em falar com os pais para trocar algumas palavras sobre situações absurdas entre crianças, reparas que esses pais nem sequer te respondem a um simples "bom dia" (embora já os conheças há anos) e que só te conhecem para falar do que não sabem a teu respeito, ou para cobiçar alarvemente o que não deves a ninguém. Desilusão. Como podem as crianças crescer e desenvolverem-se saudavelmente se os próprios pais são doentios ? Cada passo dos meus filhos para a maturidade é uma alegria para mim mas sempre a par de um possível aborrecimento. Começaram a andar sozinhos, podem ir para onde não saiba deles, podem cair,... Mas o facto de irem é bom para eles e também para mim. Custa-me quando tenho que dizer aos meus filhos "ignora, eles não sabem o que dizem, faz o que achas bem e defende a tua convicção". E saber que não mudo o comportamento dos filhos dos outros por falar com os meus. Ter que os mandar todos os dias para a selva unicamente com a palavra como arma ! Dói-me chegar à conclusão que os pais não falam com os filhos (pois até os meus me dizem "mãe, eles não falam em casa, tu és diferente"). Não sei se não têm tempo, eu acho que para os filhos há sempre tempo: para falar e sobretudo para escutar. Não sei se os acham estúpidos, é que não são ! As crianças têm uma capacidade fantástica de observar o que os rodeia e absorver tudo ! Não conversem como se eles não vos entendessem, por favor. Incentivem a simplicidade e encham-nos de amor ! Eles merecem :)
sexta-feira, 29 de maio de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Queres saber como é… não sei
explicar, não tem explicação. Tantos anos nesta vida e não sei explicar o que
é, como é. Sente-se. É um bem estar, um bem querer, um desejar que estejas bem.
Imaginar o teu sorriso faz-me bem, faz-me sorrir também. Ver o brilho dos teus
olhos tranquiliza-me a alma pois percebo que continuas com projetos, que
acreditas no amanhã. Gosto quando me falas das tuas paixões, vivo-as contigo
enquanto as ouço. Gosto do que gostas. Gosto do teu “bom dia” pela manhã. Gosto
dos teus braços e da sua força, das tuas mãos de trabalho. Mesmo sem saber onde
estás, gosto que estejas em algum lugar porque estou lá contigo mesmo sem
estar. É assim, leve, livre, sem pressas.
Bonito, não ? :)
Abominam-me as pessoas que lá
porque estão chateadas com alguma coisa, não suportam que os outros estejam bem-dispostos.
Mantêm uma carga negativa à sua volta num perímetro de 2 metros pelo menos. Mas
eu, que sorri depois do primeiro choro ao nascer, mantenho um campo magnético à
minha volta e não me deixo influenciar. Pois… também não sou assim tão
insensível como estás para aí a pensar. Devo ter um íman e há alturas em que as
pessoas que têm problemas vêm desabafar comigo sem que eu pergunte nada.
Sentem-se à vontade e deixam sair o que os perturba, libertando tudo o que lhes
provocou a preocupação. Fico feliz de poder ajudar. E quando é assim, às vezes
até eu fico perturbada com os problemas dos outros. Mas esses “outros” são
pessoas sinceras, que já acumularam situações em si e estão a transbordar, não
têm capacidade para mais no momento. Mas há uns terceiros que gostam de se expor
como vítimas, de jogar com sentimentos, de chamar a atenção da pior forma. E
esses, desculpem mas não merecem que perca tempo com eles. Com os primeiros não
considero perda de tempo. Acho até que nos aproxima. E quando por acaso algum
desconhecido desabafa comigo num qualquer sítio (como aconteceu no domingo
passado num café, na praia), faço questão que a pessoa diga tudo o que tem a
dizer, que esgote o assunto, pois não sei se o voltarei a ver e se fui até ao
seu encontro é porque havia uma missão a cumprir. Gosto de me sentir útil neste
sentido. Saber que deixei a pessoa mais aliviada e confiante faz-me bem. Acontece
contigo também ?
domingo, 24 de maio de 2015
Reclamar faz parte de mim. Não reclamo pelo simples ato de reclamar. Reclamo porque me ensinaram que o devo fazer quando não fiquei satisfeita com algum serviço prestado. Reclamo, porque o facto de reclamar pode (e deve) contribuir para que o serviço e/ou produto melhore. Atenção que reclamar não é criticar negativamente, é exigir que o serviço contratato seja cumprido. Desta forma, quem presta o serviço deverá estar aberto a sugestões pois só assim poderá evoluir na direção da satisfação do cliente. Isto parece-me tão básico ! É certo que sou filha de um "reclamador" nato, que talvez por ter sido controlador de qualidade numa empresa, me tenha transmitido uma lista de "boas práticas" no relacionamento com o cliente. Sei reclamar sem destruir. Sei que não ofendo ninguém pois faço-o com educação e apresento os pontos negativos enfatizando os positivos. Mas nem sempre encontramos bons recetores para a nossa reclamação. Quem apresenta o produto ou serviço, tem de ser humilde e saber que um cliente bem serviço trará outro cliente no dia seguinte. Se for mal servido, poderá acabar com o negócio. Mesmo. Não pretendo acabar com o negócio de ninguém. Mas quando ouço depois de uma reclamação justificada, "se não gosta, não volte" - tenham a certeza que não volto mais e direi a todos que serão mal servidos ! Ainda consegui dizer-lhe que não lhe ficava bem proferir aquelas palavras, mas não se importou. Virou costas a falar alto, e foi embora. Não volto.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Quando alguém espera algo de ti e tu não sabes, ou sabes e não te apetece corresponder só porque não... Quando és tu que esperas de alguém seja o que for, e esse alguém se faz desentendido ou simplesmente não percebeu... Perde-se tanto tempo. Por isso temos de dizer o que queremos e escutar o que os outros nos dizem. Mesmo que a conversa seja muda. Há muitos tipos de linguagem, e a das palavras por vezes é a menos perceptível. E há os dias reflexivos em que somos a melhor companhia de nós próprios. Eu e mim (me and I) aceitamo-nos mesmo que às vezes não nos entendamos. Andamos sempre juntas. Estes dias fazem-nos falta para atingir o equilíbrio aceitável ou pelo menos permitido. Tempo de retiro. Não quer dizer isolamento, é uma saída temporária do palco habitual para os bastidores onde acontece a preparação do visível para todos, embora imperceptível para a maioria. Amanhã será um novo dia. O de hoje, importa mais. Boa sexta-feira !
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Hoje vou fazer uma surpresa a alguém que me foi (é...) especial. Haverá um jantar em família e sei que a minha simples presença irá emocioná-lo até às lágrimas. Terá à sua volta as mulheres mais importantes da sua vida (5) e sei que ficará tocado. É sensível ao sentimento e tem uma percepção única do que o rodeia. Lembro-me de ter nascido. Do carrinho de bebé que ajudei a escolher, bordeaux... recordo o colo cheio que me preenchia nos meus 9 anos de idade, ansiosa por um irmão. Foi o único Nenuco que tive, mas a sério. Tão mulherzinha que fui em cada muda de fralda, sempre com determinação mas algum receio não fosse picar algum refego do menino com o alfinete dama, é que as fraldas descartáveis ainda não tinham chegado à nossa casa. Tanta sesta que dormimos juntos ! Tanta brincadeira, tanto riso... meu bebé, meu mano... A vida dá voltas e nós vamos rodopiando e perdendo sonhos. Esfolamos os joelhos ao cair da bicicleta mas logo passa. Mas há feridas que ficam para sempre pela cicatriz que deixam. Foram muitos anos sem contato, sem nada saber e querer saber tudo. Porquê ?!!!
Voltou homem feito, ainda que meio desamparado, rumo incerto, a precisar de mimo. Mas o coraçãozinho é o mesmo, é o meu mano. Sei que é importante para ele que eu conheça a última mulher da vida dele. Vou lá dar-lhes aquele abraço bom, gostoso. E vou gostar muito dela porque ele também gosta.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Por vezes basta um abraço. O
mundo quase nos esmaga com tanta exigência. Não dormimos o suficiente por
preocupações mínimas que devido a tudo e mais alguma coisa, se exponenciam sem
controlo como bola de neve. Acordamos mil e uma vezes de noite, balbuciamos
palavras que ninguém entende, voltamos a adormecer naquele sono agitado e
acordamos antes do despertador. Temos o horário no corpo. Temos mas é ansiedade
! Perdemos a noção de tudo na ilusão que estamos a comandar as tropas mas quem
comanda é o relógio. E começa a correria. (Que nervos!) Com a mente organizada
os gestos são dirigidos com tranquilidade. Ainda há tempo. (Há sempre tempo para
tudo !) E o dia vai correndo… embora não ande nem corra. O tempo é que passa
porém é sempre o mesmo porque permanece. E no desamparo em que o tempo que é
sempre o mesmo (porque é para mim, para ti e para todos os outros) passa por
nós, acaba por permanecer nos traços que nos deixa a pouco e pouco. Nem damos
conta. Pensando bem, se o tempo é sempre o mesmo e permanece, somos nós que
passamos por ele e que nos marcamos mais ou menos consoante a passagem. (Bastava-me
um abraço teu agora e parava com estas insanidades agora mesmo). Isto passa com
o tempo. Não. O tempo não cura tudo porque não cura nada. Ou fazemos alguma
coisa, tomamos atitudes ou se estamos à espera do tempo, ele por si só nada
fará (porque é estático, igual, repetitivo, “always the same”…) Por estas, por
outras e outras ainda é que problemas vários se instalam nas vidas das pessoas
e se diz ignorantemente “é dar tempo ao tempo” sem perceber que um dia essa
pessoa acaba no tempo. E perde-se tudo. Perde-se o tempo, acaba o prazo.Um abraço pode dissolver tanta amargura.
Um abraço sincero junta pedaços de amor e alenta corações. Um simples abraço
melhora a auto estima, dá confiança, promove a fé. Por vezes basta um abraço
para nos sentirmos seguros. E mesmo quando aparentemente está bem, quando
parece que aquela pessoa lá do alto do seu sorriso consegue facilmente passar
pelo tempo sem que este a moleste, desenganem-se ! – tentem dar um abraço a essa pessoa e vejam o
efeito. (Abraças-me num destes dias ?)
Nunca fui de fazer planos, Aliás, quando os faço há sempre algo que atropela o caminhar na perseguição de objetivos. Um bom exemplo são os fins de semana. Ainda vem longe e já estamos a pensar no programa para ocupar o tempo, mesmo que seja nada fazer. Os planos saem alterados; ou nem se sai de casa, ou o clima muda e impede de alguma forma o que tínhamos projetado, ou recebe-se uma visita inesperada que até pode ser positiva, ... tanta coisa. Já uma vez me aconteceu comprar um bilhete para um concerto que seria daí a uns 5 meses e quando chegou a data chegou também uma infeção urinária com dores e febre. Lá tive que vender o bilhete. Aceitei bem. Pensei que não era para ir e pronto. E foi a oportunidade de quem não costumava ir a concertos, ir dessa vez. Há que não fazer grandes planos para o futuro. Se prepararmos bem o presente, se nos monirmos de condições e estratégias para enfrentar situações inesperadas ou provavelmente até esperadas porque já nos passaram pelo pensamento, não há necessidade de fazer planos. Há necessidade de sermos positivos, ter a flexibilidade correspondente a cada momento, não fraquejar nem criar barreiras, pois tudo nos ensina algo. Somos adaptáveis à realidade. Às vezes um simples sorriso ajuda a enfrentar a segunda feira. É importante pensar na segunda feira como um recomeço, uma oportunidade de começar outra semana. Quem sabe tudo melhora ? Se mantivermos a atitude positiva perante a vida, ela tenderá a ser positiva connosco. Tudo retorna, tudo é cíclico, se formos agressivos recebermos agressividade, se dermos amor receberemos amor. Eu recebo todos os dias , o que me faz pensar que o dou também. Não me analiso a esse ponto e se o faço é sem pensar em receber de volta. E sabe tão bem receber umas palavras preocupadas connosco, perceber num olhar que há mais que simples amizade, receber um elogio sobre algo que fazemos todos os dias e nem damos conta que pode ser importante para alguém. A vida é um jogo. O dia a dia é como uma máquina de flippers em que somas pontuação se souberes acertar nos pins certos ainda que inadvertidamente, podes até tirar bónus mas terás de ser ponderado para não te entusiasmares muito e abanares o jogo todo senão acaba com um "tilt" e fica tudo escuro. Aprende a viver o momento, todos os dias um pouco mais, não deixes para amanhã se é hoje que queres fazer acontecer qualquer coisa.
domingo, 17 de maio de 2015
São ventos !
São os ventos que trazem o teu cheiro
nos cabelos ondulantes quase sinto as tuas mãos
entrelaças e prendes os dedos
soltas quando me percebes dominada
e sorris malicioso.
A brisa quente dança á minha volta
e rodando a saia levanta
qual mão atrevida
fecho os olhos e deixo-me levar por recordações.
A valsa acelera e envolve
a leveza da harpa...
como se comigo estivesses !
rodopio e corro
danço louca
até que a realidade volta
o vento vai
mas o teu cheiro fica.
Está em mim.
La Valse (M. Ravel)
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Hoje, dia 15 de Maio, é o dia internacional da família.
Foi escolhido este dia pela assembleia geral da ONU, para celebrar essa instituição que é a família, visando chamar a atenção para a sua importância na sociedade, valorando sentimentos como o amor, o respeito, fundamentais para os bons relacionamentos entre os elementos que compõem a família. Pretende ainda salientar os direitos e deveres das famílias e mostrar que a família é e sempre será o núcleo de toda a sociedade. Sugere-se piqueniques, abraços, beijinhos e afins.
Mas eu hoje, aliás já há uns tempos, que ando do "contra". Será um simples dia no ano que contribuirá para atingir os objetivos para que foi criado ? Dia da família é todos os dias ! Assim como o dia do pai, da mãe, dos avós, do periquito, etc. O sentimento de família, de união, de pertença a um grupo às vezes está precisamente fora dos laços de parentesco. Venha lá a ONU pôr ordem à mesa de uma casa de família sem emprego, ou com problemas de alcoolismo, ou deficiências sem quaisquer apoios, ou... É por falta da importância que se lhe devia dar que a "família" está como está. Que apoio há para promover a natalidade, a saúde, a escolaridade, que apoios há no chamado "planeamento familiar", onde se promove o emprego decentemente remunerado, que esperança de vida sustentável temos ? há por aí alguém que não tema a falta de condições na velhice ? Família... onde ? Nem à mesa se juntam muitos dos seus elementos. Os que trabalham fazem-no até mais tarde para garantir mais algum dinheirinho (quando lhes pagam), ou a mãe ainda não chegou porque foi lavar umas escadas, entretanto o filho deixou-se dormir porque não consegue aguentar os horários e tanto trabalho de casa e a avó, acamada, espera que alguém lhe possa trocar a fralda... famílias com mais elementos é pior ainda. Claro que ainda há os que vivem minimamente, que se esforçam para que nada falte e têm a sorte de ter uma fonte de rendimento fixa. Mas mesmo aí, a estrutura familiar é frequentemente abalável por motivos externos. Devia recomeçar-se. Investir. Criar condições para que duas pessoas formem um lar, proporcionar vida em comum, apoiar a natalidade (inclua-se adoção responsável), desenvolvimento de politica social ao nível da saúde, emprego, segurança social, oportunidade igual de desenvolvimento na formação e educação para todos... e por aí fora.
A minha célula familiar nuclear é pequena, mas todos os dias celebramos mesmo que distantes por vezes. Temos sentimentos comuns, entre eles, o AMOR, o RESPEITO, a ENTRE AJUDA. E promovemos a VERDADE, e a PARTILHA. Tem valido apena.
Sedenta de juventude
De energia
De frescura que me renove
De um novo respirar
De um novo sentir
Que seja diferente no desenrolar
Que me provoque o retorno
De sensações outrora esquecidas
Corro para ti
Acelera-me a pulsação
E esqueço tudo
Todos os anos parados
A felicidade atordoada
O sorriso enganoso
Busco o amor total
A fundição de corpos sob o mesmo grito
O mesmo prazer, o mesmo querer
Corro riscos na tentativa de atingir a plenitude
De um sentimento que sei não existir
Na esperança de o tocar num ínfimo momento
Para depois abrir as pálpebras e encontrar a realidade
Serei imortal nas marcas que deixo no caminho de alguém
E sigo em direção à vida.
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Tardes mornas de
outono
Pudera eu realizar
Sonhos loucos de amor
Numa tarde assim seria tua
Entregando-me sem pudor.
Se acaso quiseres, diz
Serei a brisa envolvente
Vou fazer-te feliz
Refrescar o teu corpo quente.
O dourado das folhas
Aconchega o sentimento
Não vás agora
Acaba com o tormento.
O meu coração é teu
Tenho receio de o dizer
Quando estás próximo
Acelera o seu bater.
Não te digo o que sinto
Temo que vás fugir
Mas também não te minto
Digo o que queres ouvir…
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Tantas vezes mal interpretado por desconhecimento da sua grandiosidade, o silêncio é de ouro e cada vez mais valorizado. Se para quem trabalha no centro de ruído ele é necessariamente urgente, não o é menos para quem esgota o pensamento diariamente com cálculos, ocupações desgastantes, ou outras preocupações inevitáveis. De notar que o que é ruído para uns pode não ser para outros. A avó que enche a casa de netos de diversas idades mais os amigos que por arrasto se sentam à mesa e conversam entre gritinhos e risos, ganha vida participando nas alegrias desses jovens (como gostava de vir a ser assim comigo um dia...) e o que para ela é entusiasmo e vida, para outros é o ultrapassar o limite de decibéis permitidos pelo tímpano sensível. Mas o silêncio assume muitas facetas, muitos estados de espírito, diria mesmo que guarda muitas palavras em si mesmo, palavras essas que na maioria das vezes fluem de uma forma tão intensa que a desordem é tamanha e o silêncio é a única esperança para que se consiga ordenar o pensamento e as ideias. O silêncio proporciona o encontro connosco, com o nosso "eu", com o "consciente" na procura do "inconsciente", estimula a concentração e a reflexão, ajuda ao (auto) conhecimento. O silêncio ensina a escutar as histórias contadas pelos gestos corporais, pelo olhar que diz mais que a boca, pelo toque sentido de dois corpos, distingue o respirar aflitivo do respirar suspenso apaixonado. O silêncio não é a ausência de som. É apenas o som surdo, que não se faz ouvir mas faz-se entender. Por isso mesmo, o silêncio também pode ser uma resposta embora nem sempre a melhor. Pode de facto contribuir para a resposta mas a comunicação pode ter interferências e gerar mal entendidos. Diálogo é a solução, mesmo que em silêncio. Como disse Leonardo Da Vinci, "as mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar"...
Afirmação
A essência das coisas é senti-las
tão densas e tão claras,
que não possam conter-se por completo
nas palavras.
A essência das coisas é nutri-las
tão de alegria e mágoa,
que o silêncio se ajuste à sua forma
sem mais nada.
Glória de Sant'Anna, in 'Um Denso Azul Silêncio'
tão densas e tão claras,
que não possam conter-se por completo
nas palavras.
A essência das coisas é nutri-las
tão de alegria e mágoa,
que o silêncio se ajuste à sua forma
sem mais nada.
Glória de Sant'Anna, in 'Um Denso Azul Silêncio'
segunda-feira, 11 de maio de 2015
E é assim. Depois de um dia extenuante de tanta atividade e felicidade convém fazer uma pausa. Uma pausa para recordar sorrisos sinceros, abraços verdadeiros. Uma pausa para voltar a ouvir as vozes e as gargalhadas e chilreadas das crianças que descalças correm pela casa sem preocupações. Tão bom !... Volto atrás no tempo e vivo de novo os aniversários em criança e recordo os amigos que ainda estão, os que já partiram por uma ou outra razão mas que estarão sempre no meu coração, lembro os aromas, as brincadeiras, o sol, os locais, as zangas... Uma vez tive um bolo feito pela minha mãe, barrado de chocolate com uma casinha construída de bolacha baunilha ! Lembro-me de partir bolachas para fazer salame. E do meu pai a aspirar a sala depois de todos saírem. E os aniversários de improviso em casa da avó em que se avisava quase na hora os amigos que brincavam à porta de casa, mal dava para a tia-irmã fazer um bolinho e umas sandes e lá estávamos todos contentes para a brincadeira ! Gosto de festas de amigos, das historias que se contam, das fotos inesperadas, do que deixamos escrito no livro da amizade, das interligações de vidas às vezes tão diferentes mas tão iguais, do sentimento comum que nos une, da coesão dispersa que sempre nos reúne. Espero que todo o meu esforço e boa vontade contribua para que mais tarde alguém recorde dias felizes como penso que proporciono. Cansada mas realizada. Hoje, é dia de pausa. Para sorrir de olhos fechados. Tranquilamente.
sábado, 9 de maio de 2015
É para mim gratificante voltar 20 anos depois a encontrar-me com pessoas que faziam parte do meu dia-a-dia, e verificar que o carinho, a estima, a amizade se mantêm mesmo com um hiato no tempo. Um jantar em que o que menor importância teve foi, de facto, a comida. Estou feliz por ter pessoas assim na minha vida e também por estar de alguma forma na vida dessas pessoas. É bom saber que gostam de nós.
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Voei por uns dias...
Andei por aí, saltitando e rindo por campos de flores de canola (utilizada para o bio diesel), livre, vivendo. Foram dias intensos. De viagens, de visitas, de conversas, de contato com outras culturas e sobretudo, dias de muita partilha, muita amizade, muita cumplicidade. Foram dias crescentes de sentimentos, de vivências, de recordações. Desde o pombo da Índia gordo em Scunthorpe ao casal de cisnes a voar sobre Londres. Desde as numerosas bicicletas em Cambridge aos carros topo de gama que via na estrada. Desde as vivendas amorosas e cuidadas às imponentes construções em pedra de igrejas e palácios, ou mesmo lojas de 4 andares de uma só marca. Desde o abraço do primeiro dia à lágrima do último... Tudo foi inesquecível ! E ao contrário do que esperava, as pessoas são simpáticas e o tempo surpreendeu pela positiva. Vim impressionada com a autonomia dos idosos, com as casas de um só piso que lhes estão reservadas, com a facilidade de deslocação pelo veiculo fornecido pelo Estado mediante pedido justificado, com o facto de não haver limite de idade na contratação laboral contribuindo para que todos se sintam úteis e ativos. Quase caí quando me disseram que não há infantários e que as mães podem acompanhar os filhos até aos 16 anos sempre recebendo vencimento, e que só têm que comprar a farda da escola pois desde a borracha ao livro o Estado suporta. Já para não falar no financiamento universitário, cujos alunos pagarão mais tarde quando estiverem empregados descontando uma percentagem, desde que superem o limite anual de libras considerado como vencimento mínimo. Gostei da recolha de lixo em dias certos consoante a separação para reciclagem. Detestei a comida, pronto, nada a fazer... minha rica comidinha portuguesa !!! Percorri uma praça e fiquei desanimada - uma banca de peixe (sem cabeça) e uma de legumes embalados, tudo o resto eram talhos... Venho de coração cheio com Londres e toda a diversidade de gentes, raças, cores, com a 'movida', tudo !! Amei a Trafalgar Square ! Sim, um dia volto, com mais calma.
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