terça-feira, 23 de agosto de 2016
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Depois de uma noite de lua cheia em céu estrelado, o dia amanheceu sem sol. Fresco, de intensa humidade, enublado, digamos que o dia convida à reflexão, à introspeção, a fazer um balanço, como se o nosso planeta regente estivesse em movimento retrógrado (por acaso o meu só estará entre 30/ago e 22/Set).
Os últimos dois dias foram dias de escutar os outros. E também eu falei de coisas minhas. Mas quando penso no que escutei, delego as "minhas coisas" para segundo plano. Liguei para quem gosto noutro dia e escutei um desabafo enorme. No fim só pude dizer, "porque guardaste tudo isso e não me ligaste se precisavas que te ouvisse ?" Mas eu liguei e sinto-me feliz de o ter feito, talvez o devesse ter feito mais cedo. Ontem, a meio do dia, passei por um quiosque para comprar um gelado e a empregada estava verdadeiramente nervosa, ansiosa, ao ponto dos olhos estarem cheios de lágrimas e em cada gesto as mãos tremiam-lhe. Não foi difícil que comecasse a falar. A nora, grávida de 40 semanas e 4 dias, sem quaisquer contrações, está internada num hospital noutro país e ela queria estar lá a dar carinho e esperança. E queria também perceber porque ainda não tinham feito uma cesariana à rapariga... Hoje passei por lá logo de manhã e a senhora estava de folga. Acreditam que o patrão não soube dizer-me nada ??! Que falta de interesse ! Que apoio, que suporte emocional terá a senhora no local de trabalho ?...
Adiante.
Ontem ao sair do meu emprego, dirigi-me a uma loja onde tinha de ir buscar uma peça de um eletrodoméstico previamente encomendada. Foi curioso pois que já me tinha lembrado de ir lá mas como ontem tive parqueamento mesmo à porta, foi ontem que fui lá. Surpresa: a dita peça só chegou ontem ! Conversa puxa conversa, alguém ao telefone estava a recuperar de um internamento, blá blá blá... acabei por ficar até a loja fechar as portas e ficarmos lá dentro as duas. Falou-me dos pais, de como viveram, da alegria e hábitos de cada um, dos seus gostos pessoais, da bondade e generosidade da mãe, da degradação que a mãe sofreu até ao fim, das suas mortes, das consequências emocionais que sofreu por isso acontecer... Saí de lá feliz por ter dado o meu tempo e o meu carinho a quem precisava naqueles momentos.
Não custa nada, não custou nada.
Precisamos uns dos outros. Todos precisamos de colo de vez em quando. Ninguém é mais que alguém. Quem diz que não precisa de ninguém, mente, e talvez precise mais do que quem admite. Sózinhos... somos nada.
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Nobody knows how the story ends...
Ontem à noite, quis o destino que fosse assistir a este maravilhoso filme, pois que ía para ver outro que afinal ainda não tinha estreado. Ainda mal tinha começado o filme, assim que o menino sobe para a enorme mão (ok, pata dianteira...) do dragão e este o aconchega contra o peito, lá vêm as primeiras lágrimas de um alguidar cheio que verti durante os 92 minutos de filme !Uma história bem contada à boa maneira antiga com uma canção associada (Pete's Dragon song), um menino orfão, um dragão que o acolhe como uma cria, a magia da vida existente no bosque, as relações que se estabelecem, as sinergias homem/natureza, a destruição da floresta pela ação humana, a sede de poder do homem sobre a Natureza... valores como o respeito, o altruísmo, a partilha, a cidadania, o amor, a amizade... um avô que acredita na lenda (meu rico Robert Redford!) e que as crianças respeitam e escutam com atenção, um avô que espalha a magia da infância, que mistura tão bem a fantasia com a realidade que todos sonhamos com esperança num mundo melhor em que tudo se liga e equilibra harmoniosamente !
Uma criança que vive feliz embora sinta necessidade dos da sua espécie, os serviços sociais contatados para o ir buscar - afinal o que é melhor para a criança ? E Elliot o dragão, só Pete é que pensa nele ? Uma história linda, carregada de emoção, de sentimentos fortes bem à maneira da Disney, com muitas lições e exemplos a serem retirados. E atrás de mim na sala de cinema, um casal com a filha de uns 8 ou 9 anos a rirem à gargalhada o tempo todo ... a rir ?!! sim... que sentimentos ensinam aquela criança ? sentimentos inversos ? depois mais tarde queixam-se de comportamentos desviantes. Então os pais do Pete morrem num acidente de automóvel e eles riem-se ??... O dragão leva com dardos tranquilizantes e eles riem-se ??... Espero que um dia a miuda não pegue nalquma arma e dispare na sua direção a rir achando que esse é o comportamento adequado.
Enfim, o filme teve um final feliz como todas as histórias de infância devem ter. Adorei !
terça-feira, 9 de agosto de 2016
10 modas parvas
Recebi por mail as palavras abaixo. Deduzo que o autor é o Guilherme Duarte que não conheço mas a quem tiro o chapéu por conseguir tão bem descrever as ditas modas num português tão claro e acessível. Gostei de ler, partilho convosco.
São urbanos. Andam pelos 30 e os 45 anos. Têm cursos superiores. São já tendencialmente dependentes dos smartphones e i-phones e das Redes Sociais.
Vivendo num constante vazio, para se sentirem integrados nesta sociedade que se quer global, aderem a modas fáceis, em busca de felicidade efémera que se desfaz como o fumo.
São conhecidos como os NBU ou os Novos Bimbos Urbanos.
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10 modas parvas: Gin, Sushi, SWAG, Selfie sticks, etc.
Vivemos num mundo de modas e de gostos influenciados pelos media. Sempre assim foi, agora é ainda mais devido à velocidade e visibilidade que a Internet veio dar a todas as novas tendências. Vamos lá então falar das modas mais parvas que andam por aí.
Estágios não remunerados
Para o fim, a moda mais parva de todas. A moda das empresas que acham que ter trabalho de borla é bom. Aquelas empresas que contratam estagiários e que já sabem que não vão ficar com eles. Que sabem que eles vão dar o máximo e trazer ideias frescas para a empresa, mas que são dispensáveis a partir do momento em que tenham que lhes dar ordenado.
"Procura-se colaborador, recém-licenciado, que saiba falar cinco línguas, saiba fazer mortais encarpados à retaguarda, saiba cozinhar comida asiática e mediterrânea, tirar cafés, com conhecimentos sólidos das ferramentas office e grande capacidade de sacrifício, de lidar com o stress e que tenha um espírito de equipa fantástico, para se juntar à nossa, já fantástica, equipa. Oportunidade imperdível para aprender e crescer profissionalmente. Salário fixo de 0€. Não é negociável."
Gin
Sim, aquela bebida que era a dos nossos pais e que era servida com água tónica e, nos sítios mais finos, com uma rodela de limão. Essa bebida que ninguém gostava e que era azeda, está na moda. Nas prateleiras dos hipermercados, onde outrora havia apenas uma marca, a mais rasca, estão agora uma enormidade de diferentes marcas e estilos. A moda do Gin apareceu do nada, mas planeada, e encostou as caipirinhas e os mojitos a um canto. Sim, é bom, eu bebo e já dei uma vez 14€ por um gin. Sou estúpido. Um palerma, mesmo. Não há bebida que valha esse dinheiro a não ser pelo marketing, branding e impinging que nos fazem. Fazer um gin não é arte, meus amigos. É misturar cenas lá para dentro e logo se vê. "Ai, o copo tem que estar gelado, tem que se passar as folhinhas de menta nas bordas para aromatizar, meter a tónica numa colher em espiral para não quebrar as bolhinhas frágeis da menina.". Menos, se faz favor. Não estou para estar cinco minutos à espera de um gin, para no fim saber igual aos outros todos, especialmente se for o quinto da noite. Tomem juízo. Assim ainda me fazem perder o engate. O gin conseguiu vencer a barreira da mariquice que muitos homens não se sentem confortáveis em ultrapassar. Antigamente, qualquer bebida doce com fruta lá dentro era para gaja ou designers de interiores. Hoje, uma bebida com bagas e folhinhas é de homem. O pessoal deixa-se influenciar com uma pinta, que se lhes dissessem que, para o gin ficar perfeito, o barman tinha que o misturar com a pila, bebiam na mesma.
Kizomba
A Kizomba sempre esteve na moda onde eu vivo, Buraca. Sempre ouvi Kizomba, à força, nas festas da escola e através dos carros que passam na minha rua ao som da sua batida característica. Não tenho nada contra, confesso que não é o meu estilo de música, mas até sou capaz de não trocar de estação e até, na loucura, de ouvir com gosto num carro cheio de amigos a caminho da praia. Mas há limites, caraças! A rubrica da RFM "10 músicas seguidas sem parar", deveria chamar-se "5 músicas seguidas intercaladas por 5 Kizombas". Não há paciência, especialmente, porque a Kizomba que nos chega é, na sua maioria, má. É a comercial, que de africana tem muito pouco e é feita só para vender. É engraçado é que não se pode dizer mal da Kizomba sem se ser acusado de racismo. Eu também digo mal do Pimba e isso não faz de mim xenófobo contra os portugueses. Não gosto, acho que as pessoas papam porque dá na rádio e porque não têm paciência para letras que as façam pensar. Não tenho problemas que um Anselmo Ralph encha um MEO Arena, só tenho é pena que não haja tanto público a querer ouvir um Jorge Palma ou um Sérgio Godinho. Se calhar têm que se adaptar e fazer novas versões: Jorge Palma ao piano, com batida Kizomba por trás, a cantar "Agora não mete mais a mão no queixo...". Ou o Sr. Godinho a cantar "Bo tem um brilhozinho nos olhos...".
Selfie Sticks
Os famosos paus de selfie. Pau de selfie faz lembrar uma espécie de condimento para comida ou um brinquedo sexual para auxiliar a masturbação, mas não! É aquele cabo para as pessoas tirarem fotos a elas próprias. No meu tempo, pedia-se a alguém que fosse a passar para tirar uma fotografia e dizia-se "Carregue aqui neste botão". Aquele botão igual em todas as máquinas, mas que nós sentimos sempre necessidade de dizer, não vá a pessoa carregar no flash ou no botão que ejeta a bateria. Devo dizer que reconheço a utilidade dos paus de selfie, acho que até criam um efeito giro e são práticos de utilizar em várias situações. Isso não quer dizer que não sejam ridículos. São. Andar com o telemóvel preso na ponta de uma muleta é só estúpido. Mas o pior não é isso, o pior é que as pessoas andam muito obcecadas com elas próprias. Eu, quando vou a algum lado, estou mais interessado em tirar fotografias às paisagens, aos monumentos, às pessoas na rua e a momentos únicos, do que a mim. Parecem a Cristina Ferreira que tem que aparecer sempre na capa da sua revista. Se querem tirar uma foto do pôr-do-sol em Belém, para que é que a vão estragar com o vosso focinho?
Sushi
Não gosto. Sim, já experimentei mais que uma vez. Sim, já experimentei diferentes restaurantes. Sim, já me disseram que é uma questão de hábito. Não gosto e não quero experimentar mais, pode ser? Há sempre um amigo que nos tenta convencer que sushi é a melhor comida do mundo! Que nós só não gostamos porque ainda não experimentámos com os planetas alinhados e vestidos todos de ganga. Metam na cabeça que há pessoas que não gostam de peixe cru! Não devia ser assim algo tão estranho, o estranho é gostar. Antes, a norma era não se gostar, mas agora anda tudo maluquinho com o sushi. É uma falta de respeito para com os nossos antepassados que inventaram o fogo. Não percebo como é que se insiste em comer algo que não se gosta. Se não estivesse na moda, ninguém experimentava dez vezes até gostar. Experimentavam uma, ou duas, como eu, e pronto, não gostam, nunca mais lá vão. Mas, como é fixe comer sushi e dá boas fotos para o Instagram, o pessoal obriga-se a comer até gostar. Deem lá 50€ por um sushi que eu, com isso, janto a semana toda no Zé Manel, na minha praceta, onde gostei logo à primeira.
Fast-food gourmet
Se a moda do gourmet já é parva que chegue, como já aqui escrevi, então o Fast food gourmet é o pináculo do disparate. No fundo, adicionar a palavra gourmet, não é mais do que dizer que é um hambúrguer na mesma, só que no prato e mais caro. Ele é cachorros gourmet, francesinhas gourmet, alheira com ovo gourmet, é tudo gourmet! Um bitoque é um bitoque e nunca pode ser gourmet! O mesmo com tantas outras comidas que são boas porque não são sofisticadas. Tasca gourmet? Isso é a mesma coisa que "Puta de rua, de luxo". Não faz sentido, são conceitos que não ligam. Aliás, a palavra gourmet está tão na moda que eu aposto que já alguma rapariga disse a um namorado o seguinte: "Oh amor, não é nada pequeno, é gourmet. Se fosses Adão até podias tapar isso só com uma folhinha de rúcula".
Fotografar comida
O gourmet e o sushi deram origem a outro flagelo, o de fotografar a comida. O Instagram e o Facebook foram invadidos por fotografias daquele prato decorado na perfeição. Tenho a certeza que esta moda levou a que muitos restaurantes dessem mais importância à aparência do prato do que ao seu sabor. As pessoas, por seu lado, passaram a dar mais importância ao filtro que aplicam na foto do que ao tempero. Esta comida está insonsa mas eu compenso com um Nashville. Está uma pessoa a tentar fazer dieta e tem o mural que parece um catálogo de receitas para gordos que querem manter as curvas. As únicas pessoas que deviam tirar fotos à comida são as crianças subnutridas de África, porque seria uma recordação de algo que elas não sabem quando, e se, vão voltar a ver.
Twerking
Abanar a peida de forma sexual e com os calções mais curtos do mercado, dois números abaixo, com a desculpa que é uma dança. Por mim, venham mais modas destas! O twerk está para os homens, como abanar o saco dos biscoitos está para os cães salivarem. A moda ainda não está muito disseminada por Portugal, que já se sabe que as portuguesas são todas meninas de respeito. Por isso e porque, talvez, não tenham jeito para abanar o pacote, já que o nosso sangue latino anda muito arrefecido pela austeridade. Quando é bem feito, o twerk e as meninas que o fazem, é sem dúvida hipnotizante. Nós, homens, conseguimos estar horas a ver um rabo jeitoso a rebolar-se todo. É genético e diz que faz bem à circulação. No entanto, é uma moda parva, especialmente quando é feito em nome da não objetificação do corpo da mulher. Ridículo, mas continuem a fazê-lo, se faz favor.
SWAG
O SWAG é o que a malta jovem chama ao estilo. Implica ter bonés com autocolantes de origem, camisolas de alças, calções curtos a mostrar a esquina do cu, óculos escuros e fumar para a foto. Cores berrantes, gorros com pompons no pico do Verão e leggings com padrões à Joana Vasconcelos. O que mais me irrita no SWAG é quem adere a esse estilo dizer que tem SWAG. É a palavra em si que me irrita. O estilo, em si, não me faz grande confusão, sempre houve modas parvas e cada um veste o que quer, mesmo que pareça que foi vestido por um estilista autista e daltónico. É lá com eles. Metam a calça no fundo do cu a mostrar os boxers e vistam roupa artística à vontade. Vocês vestem o que quiserem e eu digo o que me apetecer. Digo, por exemplo, que esse cenário que vocês pensam que bate bué, é pausa que que vos faz parecer pintassilgos vestidos de palhaços.
Running
Toda a gente corre, mas já ninguém diz que corre. É muito mais fino dizer "Hoje não vou poder ir ao teu jantar, porque tenho que ir fazer running". Aliás, aqui na Buraca, efetuam-se manobras de fuga em running! Muito mais fino que dizer que se fugiu a correr dos bandidos. "Ontem fiz mais cinco quilómetros em 53 minutos", partilha-se amiúde no Facebook. Mas quem é que quer saber? O que é que a mim me interessa qual a distância que vocês percorreram a pé, enquanto eu estava sentado ao computador a comer donuts?! Correram? Efetuaram um running gostoso? Epá, que bom para vocês! Levaram o iPhone no braço e foram vestidos com roupa de marca que vos custou cem euros? Epá, bom para vocês! Não, não me interessa a marca dos vossos ténis. Eu não vos chateio com os meus feitos, pois não? Aliás, no outro dia também fiz 6km. De carro. Para ir buscar três pizzas. Não me viram a vangloriar-me disso, pois não? Vou começar a colocar no Facebook "Guilherme Duarte, acabou de efetuar fucking durante 3 horas e 22 minutos. 670 kcal gastas. 1 orgasmo masculino e 14 femininos. Subiu de nível para master fucking warrior."
Sumos detox
Nunca experimentei nenhum, mas até sou gajo para o fazer um dia destes. Um sumo detox no fundo é uma sopa fria. Uma espécie de gaspacho mas com "super-alimentos", que são também eles, por si só, uma moda parva. As mulheres acham que beber sumo detox as vai fazer expelir pelo ânus toda a porcaria que comem durante o dia. "Bem, vou comer dois Big Macs, que mais logo bebo um sumo com chia, bróculos e sementes de girassol tresmalhado do Zimbabwe, mando isto tudo cá para fora". Os homens bebem às escondidas, tendo medo de ser rotulados como quem tem um piquinho a azedo, como tem a maioria desses sumos. Mais uma vez, nada contra, bebem à vontade, até fazem bem à saúde. O que mais me irrita é o orgulho com que gritam aos sete ventos que acabaram de beber um sumo. "
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Era á sombra da árvore de tília que as conversas entre as mulheres se desenrolavam sem pudores. Era ali que tudo se preparava relativamente à comida. De manhã, preparava-se a chocolatera (como dizia a avó) e cortava-se o pão para colocar sobre as brasas equilibrado com um garfo de dentes compridos já muito ferrujento. Depois era só barrar com a manteiga de fritar a carne e adoçar com um pouco de mel. Que maravilha ! Assim que acabava o pequeno almoço e os homens iam esticar as pernas, começava a preparação do almoço enquanto os mais novos se divertiam correndo atrás das galinhas ou escondendo-se dos primos mais novos no palheiro. Não havia alergias a nada nem bicho que picasse as peles mais sensíveis. O avô tinha sempre uns favos de mel para os netos chuparem e provarem o real sabor da vida no campo. Aquilo dava vida, dava energia, aquele pedaço do amor do avô era como uma bateria que aumentava a imunidade contra os desgostos que viriam pela frente. A avó ía tratar dos animais enquanto as noras lavavam a louça do pequeno almoço. Aquele borrego lindo que abanava o rabinho enquanto mamava com força no biberão que a avó improvisara, teria um triste fim na Páscoa... O mais novo dos primos parecia não ter medo de nada. Dizia asneiras e era ciumento, corria por cima de tudo, apanhava rãs no tanque onde se lavava a roupa e havia sempre o receio de que caísse na fonte das avencas onde se recolhia água para beber e cozinhar. Como puto reguila e destemido que era, tinha sempre um aspeto meio selvagem de cara suja e unhas encardidas. O olhar profundo e esverdiante, lembrava um felino sempre desconfiado mas brilhante aquando das vitórias. Éramos três naquele tempo. Somos quatro. Todos filhos únicos. Lamentavelmente sem contacto, a não ser entre os nossos pais. Mas apesar disso, devem guardar na memória estes e outros momentos partilhados. Depois do jantar, havia sempre uma série de jogo de dominó sob as sombras da fraca luz do candeeiro a petróleo. O avô ganhava sempre ! E isso sempre nos impressionou bastante até que numa noite um de nós percebeu que o avô trocava peças enquanto olhávamos para a lenha a arder na chaminé (era assim que chamávamos à lareira de chão onde se penduravam os enchidos). O avô negou afincadamente, culpando um dos filhos o que obviamente acendeu faíscas e acabou com o jogo. As mulheres, apaziguadoras, retiravam-se para preparar os colchões de palha onde cada um ía dormir, improvisando biombos com lençóis que penduravam nos frescos quartos espaçosos. Havia uma última saída noturna para satisfazer as necessidades fisiológicas e alguns minutos depois só se ouvia o piar das corujas. Na manhã seguinte, a avó fazia fatias paridas (fatias douradas mas só com água e ovos, sem leite) para mimar os netos - e que bem que sabia ! E logo após o pequeno almoço, voltava a conversa debaixo da Tília desta vez sobre a batotice da noite anterior. Tanta recordação boa...! Será que a Tília ainda lá está ? Cada vez que bebo um chá de tília, volta tudo com o sabor desses momentos.
Gente profunda
Quando eu morrer
não queiram ficar com o meu dinheiro
que não o vou deixar
Quando eu morrer
espero apenas que tenham saudade do meu abraço
saudade do meu silêncio, da minha presença
Que sintam falta do meu carinho, das minhas palavras de conforto
espero que lembrem a minha gargalhada
Quero que sintam paz quando se lembrarem de mim
Recordem-me numa flor, num cão feliz, num entardecer frente ao mar,
numa brisa suave que arrepia os mais sensíveis.
Quando eu morrer
não queiram ficar com o meu dinheiro
que não o vou deixar
Quando eu morrer
espero apenas que tenham saudade do meu abraço
saudade do meu silêncio, da minha presença
Que sintam falta do meu carinho, das minhas palavras de conforto
espero que lembrem a minha gargalhada
Quero que sintam paz quando se lembrarem de mim
Recordem-me numa flor, num cão feliz, num entardecer frente ao mar,
numa brisa suave que arrepia os mais sensíveis.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Lady Gaga não levava soutien vestido...
Como é que isto pode ser notícia ? Qual é o problema ? tem uma t-shirt vestida não tem ? Vestimos soutiens para agradar aos outros, a quem nos vê ? Ai, ai... se não fossem os flashes ninguém reparava na liberdade feminina de Lady Gaga.
Eu pessoalmente prefiro o estilo wonderbra mas em férias, fins de dia, fins de semana simplesmente não uso ! é como os sapatos, depois de uma dia inteiro com os pés formatados quem não gosta de os largar assim que chega a casa ? Serei anormal ?
Se quiserem ler um pouco sobre essa peça que acomoda o peito das mulheres que se tornou numa indumentária sexy e indispensável para muitas mulheres, aqui vai A origem do soutien
Como é que isto pode ser notícia ? Qual é o problema ? tem uma t-shirt vestida não tem ? Vestimos soutiens para agradar aos outros, a quem nos vê ? Ai, ai... se não fossem os flashes ninguém reparava na liberdade feminina de Lady Gaga.
Eu pessoalmente prefiro o estilo wonderbra mas em férias, fins de dia, fins de semana simplesmente não uso ! é como os sapatos, depois de uma dia inteiro com os pés formatados quem não gosta de os largar assim que chega a casa ? Serei anormal ?
Se quiserem ler um pouco sobre essa peça que acomoda o peito das mulheres que se tornou numa indumentária sexy e indispensável para muitas mulheres, aqui vai A origem do soutien
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Apontamentos de Amor
Ainda sinto as tuas mãos a revolverem-me o cabelo, puxando a minha nuca para que beijos sôfregos trocássemos ali sob as estrelas. O ar selvagem e livre que o cumprimento dos teus cabelos imprimia à tua imagem, deixou-me louca, invadida por um desejo incontrolável de me deixar levar pelo teu espírito bem mais jovem. Como um hiato, um corte no tempo, aquele tempo foi só nosso porque proibido pelas mais diversas razões. Surgiu do nada depois de um encontro casual, após crescimento acompanhado à distância durante anos. Estavas um homem feito, apetecível, atraente e já com vasta experência. O que nos divertimos com isso !... E assim, como que pré-definido, decidimos sair do espaço noturno que já nada de novo nos oferecia, face ao (re)encontro inesperado. Ninguém nos esperava, nada de importante nos impedia, não éramos estranhos, ambos maiores de idade, e fomos. Fomos desfrutar da boa temperatura daquele início de Verão que se fazia sentir. A lua caminhava para quarto crescente mas ainda muito no ínício. Parei o carro, deitaste delicadamente a cabeça no meu colo e ficaste a olhar as estrelas... Só me veio à cabeça uma questão no momento "onde é que um fulano da minha idade ía perder tempo com estrelas ?". E foi aí que pus de parte o meu lado maternal e vesti o lado de mulher segura que sabe o que quer. Os teus olhos brilhavam perdidos no infinito e eu perdi-me de amores por ti. Até hoje guardo essa imagem bonita de ti, de sonhador que ainda és, de charme que sempre mantiveste. As carícias subiram de nível e como pequenas faíscas incendiaram os corpos quentes em que as mãos soltas, procuravam saciar aquela vontade de... Fui madura o suficiente sabendo controlar a situação. Por isso ainda hoje somos amigos. Ainda hoje guardamos este nosso segredo. Ainda hoje quando trocamos o olhar, sorrio por dentro certa da decisão tomada nessa noite.
Sou galinha do campo. Sim, das que não querem capoeira. Fiz um ninho abrigado para criar os meus pintos mas deixo-os esticar as asas de vez em quando. Sabem que quando quiserem ou precisarem, podem voltar para baixo das asas da mãe. Sou galinha do campo, sim. A carne já é dura de tanta pedrinha comer, de tanto bicharoco bicar. A ser morta para canja, evaporaria a água antes da carne ficar tenra ! Apanho sol, suporto a chuva, os meus pés grossos ficaram. Poucos espinhos me atravessam. Aprendi a enfrentar predadores e por vezes a fugir. Não quero capoeira nem poleiro, gosto do terreno plano. E assim vou vivendo, cacarejando entre cada escolha de grãos, ouvindo outros seres, sentindo o vento no corpo, abanando a crista de vez em quando. E não me tomem por parva. Será mais feliz a galinha de aviário igual a todas as outras e com um espaço tão limitado ? Segue tendências, não tem escolha, nem galo conhece !
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Ainda no outro dia li que mais importante do que saber para onde ir, é saber para onde não queremos ir. E é isso que a vida nos vai ensinando. Saber para onde não ir, saber o que não queremos mesmo que não tenhamos a certeza do que queremos. Lembro-me de aos 15 anos ter de decidir a área de estudo a seguir e foi uma decisão tão difícil. Mas já nessa altura eu sabia o que não queria e foi por aí que escolhi a área de estudo a seguir. Da mesma forma tenho impulsos de progressão na carreira mas isso implicaria mudança de local de trabalho e uma série de consequências que teria de suportar. E não, não quero essas consequências que se estenderiam pela vida a longo prazo pois seriam mais negativas que a própria progressão. A vida é feita de escolhas. Escolhas de caminhos. Uns irão dar a planícies solarengas, outros a precipícios sombrios. Nem sempre conseguimos antever o melhor caminho e por isso é preferível arriscar do que ficar sem decisão. Enfim. Muito se poderia falar sobre caminhos escolhidos e suas consequências. É sobre a reflexão das escolhas passadas que tomamos decisões sobre as escolhas futuras. E sabem o que escolhi ? Viver. Em paz com o mundo. Cada vez mais no silêncio. Escutar mais, falar menos. Recolher-me na harmonia da minha casa como que para desintoxicar, limpar o espírito, cultivando a leveza do simples respirar. Apreciar cada vez mais a Natureza. Sorrir ao próximo, aceitar o que vier, decidir depois. Escolho o Amor, o verdadeiro Amor. Aquele que vem pelo que és, que te valoriza, que te deixa o coração e a mente em paz, que está sempre ao teu lado mesmo que longe. O Amor que não exige, que não espera, que ama simplesmente. Um Amor de partilha constante em que um é a extensão do outro. Se não for assim... não quero!Ah... e tem de ser sincero e livre de outros amores idênticos.
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