terça-feira, 27 de outubro de 2015

(reeditado)

Nunca fui tua
Não
Nunca fui de ninguém
Nem serei, sabes
Aqueles momentos em que pensaste que me tinhas
Que me possuías
Que te pertencia
Não
Não sabes o que é o amor
Que não prende
Não obriga
Não cobra
Apenas se dá
Oferece
Ajuda
Que fica feliz com a felicidade do outro
E está sempre lá
E abraça
E consola
E ama
Um amor que aceita
Que partilha
Que acompanha
Que deixa voar e que voa junto
Que sabe rir e chorar
Falar ou calar
Que pisa o mesmo caminho
A mesma fé
Que canta e embala dançando
Que estende a mão com confiança
Nunca fui tua
Não serei de ninguém
Nem alguém quererei
Só desvenda a minha alma quem eu deixo
E de dentro para fora de mim
Ainda não houve quem tivesse capacidade
Fácil é olhar de fora para dentro.



Reeditando este post... para que não haja confusões, segue-se o poema de Florbela Espanca:

Eu não sou de ninguém!... Quem me quiser
Há-de ser luz do Sol em tardes quentes;
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas dos videntes!

Há-de ser seiva no botão repleto,
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfurna as velas sobre os mastros!...

Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!

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