Sem hora, sem tempo, sem preconceitos - vida, verdade, liberdade !
segunda-feira, 27 de abril de 2015
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Apetece-me falar de normas
sociais. Porque sim. Está na ordem do dia dizer que a sociedade está com
um caráter agressivo porque no núcleo familiar não são impostas as devidas
regras desde tenra idade. É a violência doméstica (está tudo marado), são os
meninos e meninas que desrespeitam os mais velhos , os paizinhos que querem
agredir os professores (porque não fazem o papel dos pais…), a classe política
qual nata (azeda) da sociedade que põe e dispõe da vida de quem trabalha
afincadamente para levar uma vida digna (e destina uns milhares valentes ao
desemprego), são as instituições sociais que colocam em causa a confiança de
quem sempre acreditou nelas, é a falta de civismo, é o não querer resolver e
embrulhar cada vez mais todo um rol de assuntos que alguns até me dão asco…
Normas. Tive um professor de Direito que nos disse sempre que a melhor maneira
de as contornar era precisamente aprendê-las. Todos levantámos as notas nesse
semestre. É um facto que em qualquer tipo de sociedade se estabelecem normas
inadvertidamente para que a ordem prolifere entre os indivíduos. Há sempre uma
hierarquia estabelecida em que cada um desempenha uma função, aliada aos tais
padrões de comportamentos que se repetem e por isso e mais uma série de razões que não vou enunciar acabam por ser aceites,
tornando-se numa norma institucionalizada. Mas se ao interiorizar as ditas
normas consegue-se ser mais capaz de as contornar do que quem as não apreende
(e acaba por transgredi-las), afinal quem verdadeiramente desrespeitou a norma
? Não deixa de ser interessante. O ignorante é punido e o conhecedor da lei,
porque soube contornar a mesma, não é acusado de comportamento desviante e é
aceite na sociedade que engana. Sociedade podre. Nem democracia, nem liberdade. Abuso, descrença.
terça-feira, 21 de abril de 2015
É assim. Quando me desvio da rota de almoço é porque a minha presença é encaminhada para outro lado, faço falta noutro sítio. Hoje, como os parasitas começaram a atacar a minha patuda, decidi ir comprar o desparasitante. Alterei o caminho sem alterar o destino. E eis que dou com um corpo masculino deitado no chão, encolhido, pele envelhecida pela vida ao sol, mãos calejadas, encardidas, cheiro a alcoól... à sua volta uma rapariga sem saber o que fazer. Eu sem telemóvel. Fui falar com ela e chamou-se o INEM com o seu telemóvel. Abria-se uma janela daqui e dali, passavam pessoas a olhar, outras paravam e retomavam depois o caminho, outros ficaram até ao desfeche. Todos disseram o mesmo: "ah... é bêbado!". Se é todos os dias, ou se está esporadicamente, o que interessa isso ? Se socorro uma abelha de asa empenada no chão, mesmo sabendo que não voa mais, não socorro um humano porquê ? Deixo-o ali ? a definhar ? Bebeu ? há solução ! Felizmente juntou-se um casal a nós e ficamos com o senhor até que viessem os paramédicos. A rapariga que fez a chamada, deixou-me o telemóvel na mão e foi trabalhar. Confiou. (É desta fibra que todos devíamos ser feitos). Fomos mantendo conversa com ele, acarinhando-o com festas e pegando-lhe na mão. O que o levará a beber daquela maneira ? Chegou o INEM. Não foi surpresa verem quem era a vítima a socorrer. Era o terceiro dia que lhes calhava a mesma vítima pelos mesmos motivos. Já o conheciam... Podem dizer-me: "e ocupou-se uma viatura de emergência para uma situação destas..." e eu volto a perguntar, deixava ali o indivíduo no chão ao abandono sem saber se seria diabético ou outra coisa qualquer ??! que raio de "pessoas" é que há neste mundo ?... Estou perfeitamente tranquila com a minha consciência. E a rapariga do telemóvel também.
sábado, 18 de abril de 2015
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Raramente olho para trás no caminho da vida. Quando o faço é para voltar a sentir momentos felizes que tive, perpetuando-os. O que foi menos bom não esqueço, mas está devidamente arrumado. Quase tudo. Há umas gavetinhas na memória que ainda têm de ser revistas para o que foi menos bom ir lá para o fundo, deixando que as boas memórias venham para a frente da gaveta. Faço isto de tempos a tempos mais aprofundadamente. Todos os dias dou enfase ao que de melhor acontece mas acho importante compreender o que acontece no polo oposto. E enquanto se desenrola esta revisão, esta arrumação de vivências, prepara-se o rumo a seguir. Diariamente. É engraçado. A maior parte das pessoas que conheço acham que o caminho da vida ascende até à dita meia-idade (o que é isso?) e depois começa a decrescer. Eu vejo a vida como que uma escada. Vamos acumulando tudo desde que nascemos e vamos subindo em direção ao céu até passarmos para outra dimensão. Todas as idades têm coisas boas e más e todas servem para nos enriquecer nesse percurso. Cada vez mais a escada vai ser difícil de subir porque o que levamos connosco vai pesando cada vez mais e a caminhada terá de abrandar. E é por abrandar que podemos olhar a paisagem e desfrutar de cada elemento. E vamos valorizando elementos que pensávamos não existir ou que não dávamos importância. Mas existem e estão em nós e por isso os reconhecemos nos outros. O caminho está livre e o dia é solarengo. Continuo a subir. Descontraída.
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Ao ouvir Arnold Schoenberg (Verklärte Nacht) inevitavelmente desperto todos os sentidos da alma. O colorido da sua música proporcionado pela complexa técnica de composição utilizada (Dodecafonismo) assemelha-se na minha ótica à paleta de sentimentos e série de pensamentos que me assolam enquanto o ouço. Funciona em casos de preocupação ou situações a resolver. Atmosfera tensa. E reflito. E analiso. Exponho o pensamento. Desdobro-o. Vejo noutra perspetiva. Coloco-me no centro e olho em todas as direções. O que me faz bem, pergunto. O que quero. Será o mesmo ? Instinto. Aquela coisa primitiva que por vezes diz mais que a razão mesmo sem explicar. Tempo. No tempo cabe tudo. Sei que sim. Estou a aprender a andar devagar, a saber esperar. Chegará o dia e eu vou estar lá com um sorriso. Com tempo.
Abaixo, o poema de Dehmel que a música ilustra.
Transfigured Night
Two people are walking through a bare, cold wood;
the moon keeps pace with them and draws their gaze.
The moon moves along above tall oak trees,
there is no wisp of cloud to obscure the radiance
to which the black, jagged tips reach up.
A woman's voice speaks:
"I am carrying a child, and not by you.
I am walking here with you in a state of sin.
I have offended grievously against myself.
I despaired of happiness,
and yet I still felt a grievous longing
for life's fullness, for a mother's joys
and duties; and so I sinned,
and so I yielded, shuddering, my sex
to the embrace of a stranger,
and even thought myself blessed.
Now life has taken its revenge,
and I have met you, met you."
She walks on, stumbling.
She looks up; the moon keeps pace.
Her dark gaze drowns in light.
A man's voice speaks:
"Do not let the child you have conceived
be a burden on your soul.
Look, how brightly the universe shines!
Splendour falls on everything around,
you are voyaging with me on a cold sea,
but there is the glow of an inner warmth
from you in me, from me in you.
That warmth will transfigure the stranger's child,
and you bear it me, begot by me.
You have transfused me with splendour,
you have made a child of me."
He puts an arm about her strong hips.
Their breath embraces in the air.
Two people walk on through the high, bright night.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Chora
Dilui toda a dor que sentes
Deixa que saia em estado líquido
Aguenta mais uma vez o ardor que deixam no rosto
Como quando eras criança e não tinhas pudores
Mas hoje não as disfarces
Não evites
Liberta todo esse sentimento de revolta
Será saudade em breve
Cada lágrima uma recordação
Por cada gota um momento
Sentimentos nobres não se guardam
Não se reprimem
Não deixes por dizer
O que sentes
O que queres
O que és
O que foste pouco interessa
Já é passado
Vive o agora
Solta o grito que ecoará amanhã
Sê tu
Sê o outro
Troca de lugar
Veste a sua pele
Sente-o
Perde-te
Procura-te no reflexo
Fixa o olhar
Dizem que não mente
Entra na verdade
Em ti
Conhece-te
Reconhece-te
Abraça-te
Compreende
Aceita
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