terça-feira, 27 de março de 2018

Somos mães antes de o sermos, e seremos mais ainda o resto das nossas vidas.
Resultado de imagem para ser maeSomos as mães dos bonecos bebés que nos dão ainda que sejamos pouco maiores que eles. Ou dos ursos de peluche, ou cães ou... whatever.
Somos mães dos irmãos mais novos ou dos primos.
Até que somos mães do nossos filhos, ou de filhos de outras mães que acabamos por criar como sendo nossos.
E crescem. E outros filhos se juntam.
Com sorte (digo eu), surgem os netos.
Mais uma vez mãe por cada neto.
E mãe da mãe, mãe da tia mãe de quem já foi nossa mãe e outra vez mais dos primos.
Ser mãe é maravilhoso, é uma aprendizagem contínua.
Uma vez mãe, mãe para toda a vida !




sexta-feira, 23 de março de 2018

Eu podia ter deitado fora o papel de cozinha que levei para servir de guardanapo ao almoço. Era o equivalente a 3 guardanapos. Eu podia ter reutilizado o saco em que levei o almoço. Mas não. Voltei a guardar tudo no saco maior de papel. Parvoíce. Ou não. No fim do dia de trabalho percebi porque tinha guardado tudo. Mais uma vez, nada acontece por acaso (e não me venhas tu com as tuas incredulidades, que é mais fácil acreditar que somos comandados por uma Entidade superior que do alto tudo gere - acredita no que quiseres que eu faço o mesmo e respeito a tua opinião).
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Caminhava para o carro quando me apercebi de uma senhora que inquieta olhava para algo na estrada. Pensei ser um pombo fatalmente esmagado. Deixou que o trânsito passasse e visivelmente constrangida (a posição do corpo curvado, os braços em arco formando um qualquer aconchego) pegou no que estava na estrada, que entretanto confirmei que não era um pombo, e levou para o jardim em frente. Nisto, sobre as nossas cabeças voa um pato real macho em duração ao jardim. Ao aproximar-me cada vez mais, vi a cara transtornada daquela mulher que levava nas mãos uma pata acabada de atropelar. Saí do meu caminho e fui consolá-la. A senhora, de lágrimas nos olhos, só dizia, "ainda tem o coração a bater..." O animal estava morto. Ventre perfurado, bico torcido, esfolado no peito... Estava quente, mas morto. Com a morte nas mãos, sentiu a vida esvair-se quando o coração deixou de bater e como se tudo parasse naquele momento talvez se tivesse aberto espaço para alguma memória dolorosa voltar aquele rosto sofrido. Naquela emoção imensa, não conseguia pensar adequadamente, queria ir deixar o corpo do bicho junto dos seus parentes vivos. Eu tinha de tomar uma atitude. Sugeri embrulhar o corpo no papel de cozinha que tinha. Concordou. Juntas tentámos dar alguma dignidade aquela morte. Coloquei-o dentro do saco e disse-lhe "quer que seja eu a tratar ... para a senhora não ver ?" Assentiu em lágrimas já soltas. Virou as costas e lá foi meio desorientada com as mãos ensanguentadas enquanto eu coloquei o saco num dos lixos suspensos do jardim. Ela não voltou a olhar para trás. E ao ver aquele corpo carregado de sofrimento e dor a afastar-se pensei numa série de coisas sobre a vida. Sentimentos, vidas difíceis, solidão... É Primavera, os patos estavam no namoro e como todos os enamorados distraíram-se. A senhora estava também preocupada com o macho que nem devia ter percebido... Garanto que percebeu. Agora está sozinho, talvez como a senhora (espero que não pois é uma boa alma cheia de amor).
Agradeço o facto do meu caminho se ter cruzado com o desta senhora.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Trago em mim a primavera
Como o bolbo que fica na terra de um ano para o outro
O coração humedece nesta altura com a chuva e o sentimento começa a desenvolver
Há uns tempos que assim é
Vinga pela terra acima em busca do sol e espreita tímido
É o coração a palpitar e a língua a não querer dizer
Mas o brilho do sol faz a boca calar e os lábios beijar
E cresce
Cresce tanto que dá flor
E a flor é colhida
É inspirada, é sugada, é comida
Deitam-se fora as sementes
E o bolbo é esquecido na terra
Para o ano há mais.

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quarta-feira, 14 de março de 2018

Resultado de imagem para tempestade Foi o Félix. Tivemos um dia de sol para animar. Chega agora a Gisele. Tempestade atrás de tempestade como pedras no caminho. Apanho-as todas para fazer um castelo ? tropeço, caio, levanto-me, tropeço noutra mas já não vou ao chão. Assim é a vida e as preocupações com que nos deparamos todos os dias. E vamos aprendendo e tirando lições para os próximos tropeções. Embora se vá ganhando experiência em muitas coisas, aparecem sempre algumas novas que nos desafiam o poder de resolução, o que nem sempre é claro nem fácil. Mais decisões para tomar, novas atitudes a enraizar. Novos caminhos, cruzamentos sem sinalização, riscos que se aceitam, direções que se seguem e muita fé em Deus. Assim se faz o (meu) caminho.
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Cada vez mais a procura da catedral na mãe Natura é necessária porque consciente. É lá que a espiritualidade melhor se manifesta. Somos natureza e é na Natureza que o nosso eu se liberta pois nela está a sua origem. A procura do eu só tem reflexo no silêncio das vozes, na introspeção que permite ouvir os pensamentos. É na paz da Natureza, nesse aconchego materno que nos conseguimos encontrar a nós mesmos dando asas à libertação do que calcamos todos os dias na rotina diária dos nossos afazeres. Abstraindo-nos das preocupações comuns da vida em sociedade, estando em plena comunhão com a Natureza, largamos o "eu" e sentimos a integração na Natureza através da observação de outros seres. Ouvir o canto de um pássaro em pleno campo, ouvir a música da água no riacho que passa sobre as pedras, o vento a abanar as folhas das árvores, o cheiro da erva molhada, sentir a terra nos pés descalços... estar atento ao que se passa fora de nós só acontece quando nos abstraimos de nós mesmos. O mundo não gira à nossa volta. Há o "outro". Há pessoas com os mesmos problemas que nós. Outras têm mais e outras menos. São pessoas, como nós. Há que saber detetar quando o afastamento é necessário para melhor discernimento. Elevar a espiritualidade para depois assentar os pés no chão e ser capaz.


quarta-feira, 7 de março de 2018

Pesticar morangos enquanto se pensa no futuro sempre incerto e desconhecido. Tal como os morangos... vou comendo mas aquele morango saboroso, doce, que me faz sentir saudade não aparece. Já há morangos durante todo o ano e são adocicados artificialmente. O morango doce de forma natural só aparece na época certa e a oportunidade de comer o morango certo é escassa. Por vezes está entre os outros e acaba por apodrecer porque não é escolhido. Que tenhamos lucidez para saber escolher o morango certo, o mais doce entre os outros e que seja na época certa para que tudo seja naturalmente verdadeiro !