O local onde se trabalha é por natureza o local onde mais tempo passamos por dia. São cerca de oito horas em que transformamos trabalho em dinheiro para podermos viver nesta sociedade consumista. Esse local deve ter um ambiente naturalmente saudável o que inclui desde boas condições técnicas e físicas a um relacionamento no mínimo aceitável entre os colegas. Não me afecta os vários degraus da hierarquia pois que em toda a célula social há uma hierarquia e regras a respeitar e seguir. Não me afecta o trabalho. Não me afecta o número de conversas ou os vários tipos relacionamentos. Afecta-me o silêncio. O silêncio no local onde muitas pessoas se concentram para trabalhar frente ao PC, é eco de pensamentos e suspeitas, olhares e desconfianças, ouvidos alerta para qualquer vôo de insecto. E colocam-se os auscultadores. E fica-se isolado. Quando o silêncio se instala entre várias pessoas, a voz inibe-se de trocar o produto do pensamento. E cala-se. E morre. E entristecem-se as almas como a minha que aspiram a hora de saída para voltar aos atropelos de vozes na hora de jantar à mesa, em que cada um quer contar como foi o seu dia. E quando perguntam "e o teu dia como foi ?" desvalorizo e quero saber mais, viver o dia deles com o mesmo entusiasmo com o que o fizeram.
Claro que também gosto de silêncio. Do meu silêncio, em que medito, reflito, faço introspeção, descanso. Se estou só, ouço os meus pensamentos, a minha voz. Mas quando estou com os outros, não devia sentir-me só.
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