quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Reflexão...

Há períodos do dia ou dias, em que parece que nos cruzamos na rua apenas com um determinado tipo de pessoas. Pensem lá se de vez em quando não vimos muitas grávidas, por exemplo ? ou pessoas muito gordas, ou pessoas com deficiência, ou mendigos a pedir esmola ? quase nunca nos aparecem pela frente pessoas muito bonitas… enfim (tirando as grávidas, claro, que possuem uma beleza singular). De há dois dias a esta parte tenho-me cruzado com gente muito feia. Mesmo. Acredito que o sejam apenas por fora, na sua maior parte. Pessoas desdentadas, com dedos amarelos pelo tabaco, de cabelos desgrenhados, alguns muito magros, outros sujos, a falarem alto, pessoas de ar suspeito mas ao mesmo tempo aparentemente pessoas sem qualquer receio de nada nem de ninguém. Saí do caminho habitual. Às vezes faz bem. Decidi caminhar por um bairro menos afortunado. E se vi muito do que esperava pelo lado negativo, também fui surpreendida pela positiva. De uma casa muito humilde, saía o som de uma ópera lindíssima que enchia a rua. Vi gaiolas de pássaros nas varandas, vi gatos, vi moscas dançando em locais menos frequentados. Espreitei tabernas vazias, vi mulheres a fazer croché à porta de casa. Vi trocas entre palavras bichanadas e olhares desviados mas que tudo controlam. Vi um carpinteiro a lixar madeira e um serralheiro a trabalhar na hora de almoço que deve ser curta. Vi a vida ali ao lado, com os mesmos olhos, mas vi vidas diferentes embora sejam iguais todos os dias. Talvez ficasse mais atenta e agora olho para as pessoas e as que se destacam são as mais significativas para mim, essas que me puseram a pensar.


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