Alice trazia no coração a esperança do advento que lhe fora cuidadosamente transmitida ao longo dos anos que rapidamente passaram sem que por eles desse conta. Mantinha a fé, o entusiasmo, o desejo de reunir a família para que o Natal voltasse a fazer sentido. Como todos os anos, a morte baixava à Terra espalhando o seu fedor. Alice receava sentir esse cheiro nauseabundo que todos os anos ameaçava os mais debilitados da família. Este ano não seria exceção. A precaução e o medo instalara-se. A família dividida era uma falha a eliminar pois era como um muro com brechas, enfraquecido pela força do vento. Alice sentia frio de vez em quando sem distinguir se seria a morte a rondar ou o espirito mau do Natal a querer castigar a falta de união familiar. Alice sabia que era possível. Era possível unir a família, sim. Mas essa possibilidade incluiria a presença da morte. Só isso iria dar uma lição a todos, só isso iria aproximar e unir a família. Alice, sentada à porta no baloiço sobre a neve, olhou para o céu fixando a estrela mais brilhante e desejou que a vida expulsasse a morte. Sabia que ficariam separados fisicamente, mas a sua alma estaria tranquila e o Natal faria sentido porque o amor vence tudo.
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