Hoje fui fazer um exame médico. Durante meia hora não entrou ninguém para qualquer gabinete. Ninguém foi chamado. Apercebi-me que o médico saiu e entrou várias vezes sempre com ar descontraído. Notei um ligeiro arrasto na perna direita, muito bem disfarçado na idade avançada que aparentava. Quando chamaram, entrou um paciente prioritário que por chegar em último lugar levou a que o senhor que estava depois de mim se insurgisse contra o mau funcionamento do serviço. Passaram 20 minutos sobre a marcação do seu exame. O senhor avisara na receção, do problema grave de que padece e ninguém lhe dera a devida atenção. Agora as técnicas perguntavam-lhe atenciosamente o que tinha a dizer e ele respondeu: “vocês é que têm de me dizer alguma coisa !” Tudo dentro do politicamente correto e boa educação, lá encaminharam o senhor para ser atendido sem mais demoras, obviamente depois de sair o outro senhor. A meu ver, este tipo de prestação de serviço pode ser melhorado. Não só respeitando a hora de marcação como também respeitando a condição individual do paciente. Cada caso é um caso. Cada pessoa tem um limite, um limiar de dor, de suportar esta ou aquela situação porque embora sejamos todos humanos cada um é único na sua condição física e mental. Um atendimento personalizado e individual fará as delícias dos pacientes, dos seus acompanhantes e dos prestadores de serviços pois todos terão a beneficiar. Quanto a mim, fui atendida em último lugar, sem qualquer problema ou ressentimento - era assim que devia acontecer. E o médico depois de me observar até disse: "vá descansada filha, não se preocupe". (Fofo).
Os nossos pequenos problemas de saúde só são enormes até conhecermos outras pessoas com problemas realmente graves. Ainda hoje de manhã, a minha tia adoptiva me perguntou como estava e eu envergonhada pedi desculpa por aquilo que ia dizer. É que as minhas preocupações são ridículas ao pé de todos os obstáculos com que ela se tem deparado ao longo da vida. Desde um carcinoma nos últimos 12 anos, a anos de violência doméstica quando era uma jovem esposa, passando por situações familiares complicadas de vária ordem, esta mulher continua a lutar, a sorrir, a enfrentar tudo, a vencer, e está sempre pronta para ajudar todos os que precisarem à sua volta ! E até ela ficou perturbada noutro dia ao falar com uma pessoa que - veio a saber - tinha problemas ainda mais complicados do que os dela.
Essas pessoas que por aí andam e se julgam melhores que toda a gente, deviam baixar a crista, ser mais humildes, pois a melhor maneira de enriquecermos é ajudando os outros. É preciso que nos demos aos outros de coração, como a minha tia. Acredito que é por isso que aguenta cada rasteira da vida, levantando-se sempre cheia de coragem. (No entanto, já a vejo muito cansada...)
E tenho outra tia :) assim também. Mas fica para outro dia.
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