quinta-feira, 28 de março de 2019

É tempo de primavera.
Tempo de vida.
Tempo de amar.
A luz que enche o dia, desperta instintos adormecidos. A temperatura morna incita ao jogo de sedução. São as andorinhas, os pardais, os melros, os pombos, os patos no jardim... volta a brincadeira, a oportunidade de florescer de novo numa estação em que todas as flores são bonitas.

 Tanto sol, e só quero voltar a estar sob a luz dos teus olhos, na primavera que imprimes ao tacto...


terça-feira, 19 de março de 2019

Hellooooooo !

Verifico que desde que o google+ foi desactivado, os leitores deste pseudo blog diminuíram drasticamente. Gostava de ter feed-back de vez em quando. Um pequeno comentário, qualquer coisa como sugestões, perguntas, o que penso disto ou daquilo, opiniões, se seria preferível escrever noutra língua (que eu saiba, óbvio). Eu gosto de falar, de comunicar, mas só se comunica quando há emissor e receptor, certo ? É o mesmo que ensinar, só se ensina se alguém aprende ! Não custa nada dizer que estão aí, ok ? Obrigada.
Resultado de imagem para livre e felizO sol aquece enquanto o mar enrola e o vento desfaz. Já não sou o que fui e estou cada vez mais igual. O dia vai e a noite vem. A dona Branca, lá do alto, dá força ao sonho e aconchega os amantes. O ecrã ilumina os olhos vermelhos que focaram números e letras todo o dia. A boca calada, agora mais descontraída mas sem ousar pronunciar palavra. O pensamento, esse é livre. E recorda o dia, reconstitui o que se passou e substitui cada cena com soluções ideais para os problemas surgidos. Para quê... já vem tarde. Prepara o dia seguinte para nada esquecer. Mesmo assim, é melhor puxar da caneta e anotar. Que feliz que sou ! Agradeço. Já tudo dorme. Ai, este coraçãozinho, não se pode deixar falar se não ... ainda vem uma lagriminha... viro-me para o outro lado e apago a luz. Acordo antes da hora com pequenos gemidos. Percebo que é a cadela a querer ir à rua. Tomo coragem e lá me endireito devagarinho, que isto das articulações aos quarenta e tal, tem muito que se lhe diga ! Vou por aí abaixo e toda ela se abana feliz de me ver. O chão coberto de pelo. Abro a porta e pego na vassoura. Começa mais um dia. E pergunto-me porque tenho de suportar determinadas chatices todos os dias vindas de gente parva quando sou tão feliz na minha pequenez, na minha casa, mexendo na terra ou pintalgando umas telas, entre um passar a ferro ou cozinhando umas iguarias, recolhendo umas ervas para as maleitas... Este é o meu mundo, aquele que nunca me cansou, onde sempre volto porque me faz feliz. Este receio de perder o salário certo anula aos poucos esta vontade de viver livre. Estou presa à sociedade e às suas regras, aos seus hábitos doentios que me fazem sentir de facto diferente quando sou a única que numa mesa de mulheres não tem unhas de gel e nem sequer pintadas. E subitamente dá-me vontade de rir. Sou muito, mas muito mais livre do que a maioria delas !

sábado, 9 de março de 2019

Vi-a no fim da rua, um balde em cada mão, encolhida, e subitamente pareceu-me muito mais pequena do que me lembrava dela. Era uma mulher alta de olhos claros, o cabelo sempre arranjado, de gargalhada espontânea. Conhecida na aldeia pelo negócio do marido, com loja aberta numa das principais ruas. Acumulava peças valiosas em casa mas foi sempre uma "mãos largas" para quem a visitava. Eram frequentes os almoços animados, a casa sempre cheia, os sobrinhos a serem criados por ela até serem crescidos. Um dia a tragédia abateu-se sobre a sua casa e o único filho ficou às portas da morte. Logo aí, era suposto ter recebido mais apoio do que o repúdio que se verificou. Uns bons anos mais tarde ficou viúva. Sem a principal fonte de rendimento, o nível de vida começou a decair. Acabaram os almoços. Aos poucos, a solidão tomou conta de mãe e filho. Ela tem receio que ele faleça à sua frente por tanto problema de saúde e pede a Deus que a mantenha viva para ir cuidando da sua maior e única fortuna: o filho. Diz que todas as dificuldades que passou foram ultrapassadas porque alivia todas as noites com as lágrimas que lhe rolam rosto abaixo. Fez 89 anos. Era a melhor amiga da minha avó. Ainda hoje me disse que nunca questionou as suas confidências que guarda religiosamente. Falou-me de coisas que faziam juntas, como cantar, ir ao campo apanhar terra para os vasos de flores que adoravam... Disse-me mais, "tu sempre foste a maior riqueza da tua avó". Esta senhora é um pedacinho da minha avó neste mundo, e foi por isso que quando a vi, tive de ir ter com ela. E abracei-a e beijei-a e choramos as duas e... minha querida amiga.
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domingo, 3 de março de 2019

É junto a mim que revelas a tua essência
Imagem relacionadaO mais verdadeiro do teu ser
O mais natural e espontâneo que há em ti
diria mesmo, o instinto mais puro
o lado selvagem
Ali não tens de fingir
não procuras impressionar
vives o momento
a satisfação imediata
Como a pele de uma cebola
largas peça a peça até à nudez
exposto
sem máscaras
sem jogo fictício
quem aceita, tem
quem não quer, não empate
Largas a timidez reprimida
e deixas-te levar
pelas asas da liberdade
És tu, até acabar o tempo
um tempo único de revelação.