terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Há dias em que vejo o sol nascer e admiro toda aquela luz avermelhada empurrando o manto escuro da noite. Admiro as nuvens, se as houver, e vejo o dia acordar. Na Nacional 10, o trânsito aumenta abafando o canto dos corvos que bicam na relva do jardim mesmo ali ao lado das casas. Passa alguém na corrida matinal e espanta os carraceiros brancos que por ali andam em busca de alimento. Cruzo-me com outros que também passeiam o seu amigo de 4 patas aquela hora mágica. Tudo flui rotineiramente.
Há dias em que inevitavelmente admiro o pôr do sol. Conduzo em direção a casa naquela hora em que o sol se coloca frente ao para brisas numa altura em que nada nos consegue proteger os olhos da sua luz que encandeia. Brinca comigo em cada curva da estrada, aparecendo e escondendo-se ora atras de uma pequena montanha ora pela frente de um autocarro, o que me proporciona sombra por breves segundos, porque vou atrás dele. No Inverno, esconde-se mais à esquerda, perto da serra. De Verão só o vejo esconder-se depois de passar o Alto. Dobro a curva e lá está ele, escondendo-se mar adentro, deixando o horizonte como que em chamas.
Tudo acontece a uma velocidade constante desde sempre. No entanto, tenho a sensação de ter adormecido nos últimos anos. Acordei e ao olhar ao espelho mais demoradamente, a tentar disfarçar as olheiras de uma noite dormida mas muito sonhada, questionei tanta coisa… Como é que os meus filhos cresceram sem que quase desse conta se sou eu que os acompanho diariamente? Como é que os meus pais envelheceram? Como é que tanta coisa aconteceu num tempo tão pequenino mas que ocupa metade da minha esperança de vida?...



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