Estive ausente.
Não como muitas das vezes que estou ausente de escrita mas presente de espírito. Desta vez estive fora do meu ambiente natural. Fugi por uns dias e tudo pareceu mais leve, mais fluido nos sentimentos bons. Quando vou para longe, todos evitam dar más notícias, ninguém se queixa de dores por telefone, quem nos serve por profissão é extremamente simpático, há sorrisos gratuitos que se pagam à posteriori. E a gente alivia. E mergulha noutras águas, e corre, e ri, e joga noutras mesas e noutros tabuleiros, arrisca comer outras coisas... por outras palavras, solta-se e descontrai. Depois volta-se e retoma-se a vida rotineira, como quem apanha o comboio sempre à mesma hora conhecendo os indíviduos companheiros de viagem e as suas maleitas. E subitamente aproximamos-nos de quem julgamos conhecer bem e descobrimos fraquezas, quebras, falhas e vemos que temos de estar mais presentes, redefinir os tempos, os dias, as atenções, o amor. Aparece então a impotência, a incapacidade de corresponder ao que julgamos prioritário, o receio de não conseguir, o inevitável medo de desapontar e não satisfazer expectativas.
Posso ir de férias outra vez ??!...
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