quarta-feira, 30 de março de 2016

"As pessoas têm estranhas formas de se encontrarem."


Resultado de imagem para distanciaVerdade. Ouvi esta frase hoje a propósito de um afastamento espacial entre uma mãe e uma filha, e isso aproximou-as espiritualmente.
Fez-me pensar e ir buscar coisas esquecidas há muito. Procurei memórias e conselhos, palavras, sorrisos, lágrimas amarguradas de outros tempos... recordei um colo doce onde sempre me senti protegida.
As pessoas observam-se mais umas às outras quando se distanciam. A visão abarca mais. A perspectiva é outra. E se o alcance da nossa visão melhora, a nossa compreensão também aumenta e aceitamos melhor o "outro". É preciso que nos afastemos de vez em quando para nos aproximarmos mais.



terça-feira, 29 de março de 2016

Estive ausente.
Não como muitas das vezes que estou ausente de escrita mas presente de espírito. Desta vez estive fora do meu ambiente natural. Fugi por uns dias e tudo pareceu mais leve, mais fluido nos sentimentos bons. Quando vou para longe, todos evitam dar más notícias, ninguém se queixa de dores por telefone, quem nos serve por profissão é extremamente simpático, há sorrisos gratuitos que se pagam à posteriori. E a gente alivia. E mergulha noutras águas, e corre, e ri, e joga noutras mesas e noutros tabuleiros, arrisca comer outras coisas... por outras palavras, solta-se e descontrai. Depois volta-se e retoma-se a vida rotineira, como quem apanha o comboio sempre à mesma hora conhecendo os indíviduos companheiros de viagem e as suas maleitas. E subitamente aproximamos-nos de quem julgamos conhecer bem e descobrimos fraquezas, quebras, falhas e vemos que temos de estar mais presentes, redefinir os tempos, os dias, as atenções, o amor. Aparece então a impotência, a incapacidade de corresponder ao que julgamos prioritário, o receio de não conseguir, o inevitável medo de desapontar e não satisfazer expectativas.
Posso ir de férias outra vez ??!...








quinta-feira, 17 de março de 2016

És luz
És um raio de sol entre as nuvens densas que ameaçam inundar o meu regaço
Tua voz segura e sonante trava medos abrindo portas onde não as há
Recordo o teu abraço firme e desejo descansar o pensamento no teu peito
A embriaguês emocional tolda-me os sentidos
E prometes colher-me estrelas numa noite de luar...

A escuridão minha conselheira pede-me que espere a manhã
A lucidez então retorna




quarta-feira, 16 de março de 2016



Sou um pássaro. Um pássaro num ninho gasto a precisar de retoques. Tanta entrada e saída, criação de desperdício e limpeza. A mãe carrega para o ninho, a mãe dá aos filhos. As asas estão cansadas. O chilrear matinal anima o ninho antevendo como correrá o dia. O chilrear da noite procurando conforto aconchega o meu coração de mãe pássaro. A mãe cria e prepara as crias para os seus vôos autónomos. Vida preenchida. Um dia não precisarão da mãe e criarão os seus próprios ninhos. E a mãe cantará tristemente um canto feliz, esperando que nenhum outro pássaro estrague o seu ninho de criação de vida. Um ninho onde sempre voltarão as crias. Um ninho seguro e resistente, fortificado por sentimentos onde o mais importante somos nós.







terça-feira, 15 de março de 2016

Ler este artigo sobre os avós fez com que avivasse a minha memória e refletisse um pouco.

Lembro-me da minha mão caber dentro da sua. Que feliz que eu ia com ela, de mão dada pela vida a todos os destinos. Aquela mão áspera dava-me tanta segurança e calor humano, que me chegava (e chega) ao coração. Minha filha, minha rosa branca, nomes carinhosos que me chamava. Ainda quase consigo ouvir a sua voz a trinar quando me cantava (enquanto arranjava os legumes para a sopa) "é tão bom ser pequenino / ter pai, ter mãe, ter avós / ser a força do destino / e ter quem goste de nós" - ela gostou sempre.
Os avós são doutorados em amor. Nem todos, mas esta minha avó sim. Mesmo sem saber ler, ajudou sempre a pensar e resolver situações, fosse da escola, fosse do coração, fosse da vida. E gostava de nos ouvir ler para ela. Os dentes de leite, foi ela que com todo o seu amor conseguiu extrair da minha boca. Sim, porque quando se tem amor, não há lugar para a paciência. Nem nunca houve lugar a presentes desmedidos ou caprichos satisfeitos. A não ser que conte uma mão cheia de amoras silvestres (lembrei-me de outra canção que me cantava: "minha amora negra, meu amor silvestre / toda a gente sabe, que um beijo me deste / que um beijo me deste que a ninguém se nega / minha amora negra, meu amor silvestre"). Quando caminhavamos na rua, eu tinha de ir sempre à sua frente para que me visse e não ficasse para trás, o que me fazia confusão pois caminhando à sua frente não a via eu ! Parece que ainda a ouço a dizer "deixem comer a menina que está a crescer". Acho que devo ter crescido até aos 30 anos !! Tanto colo que me deu... mas sentada, porque pedi colinho até muito tarde, mas ela deu-me sempre que eu pedi.
Cada vez mais me acho próxima a esta mãe e me identifico com tudo o que aprendi com ela e que continuo a aprender mesmo sem muito falarmos - basta que nos olhemos e num abraço só nosso dizemos mil e uma coisas uma à outra. E lá fica ela com aquele sorriso nos pequenos olhinhos azuis humedecidos... Há muita coisa que ainda gostava de aprender com ela mas são coisas práticas e materiais, coisas que já não vai decerto lembrar-se para me ensinar. Mas o essencial, a parte emotiva, os valores humanos,.. isso, está cá tudo ! Espero conseguir transmitir aos meus netos (espero vir a tê-los) tudo o que não conseguir transmitir aos meus filhos. O amor é contínuo e pode ser eternizado se a semente lançada for devidamente alimentada.



sexta-feira, 11 de março de 2016

Hiding my heart


This is how the story went
I met someone by accident
That blew me away
That blew me away

It was in the darkest of my days
When you took my sorrow and you took my pain
And buried them away, you buried them away

I wish I could lay down beside you
When the day is done
And wake up to your face against the morning sun
But like everything I've ever known
You'll disappear one day
So I'll spend my whole life hiding my heart away

You dropped me off at the train station
Put a kiss on top of my head
Watched me wave
You watched me wave
Then you went on home to your skyscrapers
Neon lights and waiting papers
That you call home
You call it home

And I wish I could lay down beside you
When the day is done
And wake up to your face against the morning sun
But like everything I've ever known
You'll disappear one day
So I'll spend my whole life hiding my heart away

I woke up feeling heavy hearted
I'm going back to where I started
The morning rain
The morning rain
And although I wish that you were near
That same old road that brought me here
Is calling me home
Is calling me home

And I wish I could lay down beside you
When the day is done
And wake up to your face against the morning sun
But like everything I've ever known
You'll disappear one day
So I'll spend my whole life hiding my heart away
And I can't spend my whole life hiding my heart away


Hiding my heart - Brandi Carlile



quinta-feira, 10 de março de 2016

Observar, é olhar para descobrir o que nunca se diz.

Resultado de imagem para observarGosto de observar pessoas. Não é segredo para ninguém.  E quanto menos conheço as pessoas, mais gosto de as observar. Não são escolhidas ao acaso. Há qualquer coisa nelas que me desperta a curiosidade e como que por magia, a partir do primeiro dia começo a cruzar-me com elas frequentemente mesmo sem as procurar. Leva-me a acreditar que há uma justificação para que isso aconteça. E por vezes ... assusta-me. Que papel é o meu ? Porque faço isto ? Não sei.
Já o observo há algum tempo. Via-o no período de almoço muito raramente. O seu ar introvertido olhando para o chão enquanto caminha e fuma um cigarro, chamou-me a atenção pelo andar característico que parecia denunciar uma certa descordenação motora. Um dia, estava eu a almoçar e ele entrou e perguntou-me qualquer coisa enquanto pegava numa cadeira do lado oposto da mesa. Acenei que sim pois pareceu-me que queria sentar-se a almoçar também. E assim foi. E percebi quando fez o pedido, que também as palavras tinham sido pronunciadas num tom oscilante e com fraca dicção. Comeu mais rápido do que eu sem mais nada dizer. Não voltámos a comer "juntos" embora já nos tivéssemos cruzado no mesmo local outra vez.
Numa manhã depois disso, enquanto procuro estacionamento, vejo-o a fumar um cigarro ao lado do local onde trabalho. Apercebo-me então que afinal trabalhamos "lado a lado". A partir daí, já o encontrei mais vezes nessa situação, a essa mesma hora.
À parte o problema neurológico que evidencia, parece-me uma pessoa comum, com uma vida rotineira como tantas outras pessoas. Anda sózinho, almoça sózinho, fala bem a toda a gente que conhece, tem o seu emprego... 
Uma manhã que cheguei ligeiramente mais cedo, estacionei à porta do emprego e antes de sair do carro pude vê-lo um pouco distante do que é habitual. Movimentos característicos, tão conhecidos por quem já presenciou tanta coisa, aquele ligeiro dobrar de coluna enquanto olha para todo o lado e vira as costas se alguém passa, com a palma da mão esquerda aberta enquanto a outra trabalha, a mortalha que enrola e depois se humedece... Desiludiu-me. Não esperava.
Hoje voltei a vê-lo. A barba que entretanto deixou crescer compõe-lhe a face e acentua-lhe o olhar expressivo. O que irá dentro daquela mente ? O que será que o move, que explica as suas opções de vida ? Terá quem o ouça se quiser partilhar pensamentos mais íntimos ?
Continuo a observá-lo. Apenas isso.


terça-feira, 8 de março de 2016


Não resisto a partilha convosco - está giro e divertido !

Quase tudo sobre as mulheres

Dia Internacional da Mulher

Viva eu ! Viva a minha filha, a minha mãe, a minha tia, a minha prima ! Viva tu ! Viva nós ! Viva todas as mulheres ! Somos muitas e o mundo precisa de todas pelas mais variadíssimas razões ! Seja ao dar à luz, seja para amparo de alguém, seja para trabalhar, para mimar, para embelezar a vida, seja para colocar sentimentos no mundo, para amar, para ouvir, para acudir à vizinha idosa que vive sozinha, para acompanhar os tpc dos netos, para dar colo... ! Cada mulher é unica e uma criação maravilhosamente complexa capaz de múltiplas funções e desempenhos diversos ! Obrigada aquelas mulheres que lutaram para que tivessemos melhores condições de vida e de trabalho, muitas delas perdendo a própria vida nesse percurso cujo fim não se vislumbra. As mulheres continuam a ser discriminadas quer no seio familiar quer profissionalmente. A violência doméstica parece não ter termo. O assédio acontece por todo o lado. É obrigação das que conseguem derrubar barreiras sociais ajudarem as que têm a liberdade mais limitada. O mundo pode ser melhor se as oportunidades e compensações forem iguais para iguais géneros. Vamos todas continuar  com fé e esperança, pois juntas no mesmo propósito seremos reconhecidas. Somos muito capazes, não somos ?


sexta-feira, 4 de março de 2016

Resultado de imagem para cansaçoA vida tem destas coisas. E a minha não é diferente da dos outros. E há coisas que não nos saiem da cabeça com a mesma facilidade com que saíam há dez anos atrás. E mesmo que as ignoremos, essas coisas que nos preocupam ficam no nosso subconsciente e acabam por se manifestar de alguma forma. Sempre dormi bem. A cama para mim sempre foi o local por excelência para descansar. Qualquer problema que eu tivesse, ficava adiado para a manhã seguinte certa de que no dia que recomeçaria teria outra visão sobre os problemas pois teria descansado toda a noite. Teria tido um sono tranquilo portanto. E a alvorada seria a nova oportunidade para uma nova perspetiva sobre as preocupações da véspera. E resultava (às vezes resolvia as coisas nos sonhos, mas sem stress).
Já não é assim.
Parece que quanto mais maturidade, quanto mais responsabilidade, menos tranquilidade no sono. Esta semana não houve uma unica noite que não sonhasse intensamente. Sonhos activos, intensos, cansativos e sem nexo, sucedem-se a um ritmo alucinante até acordar. Se voltar a adormecer, eles continuam até de manhã e acordo cansada. A falta de descanso aliada a uma semana cheia de trabalho deixou-me meio desorientada. Hoje é sexta feira e estou de rastos. Nem paciência tive para escrever umas palavrinhas. Nem parei para ler um pouco porque me carrega o cansaço visual e as pálpebras pesam que se farta. Nem me apetece falar sobre o que me preocupa, nem ninguém entenderia a dimensão dessa preocupação. Estou cansada. Acho que preciso de cansar mais o corpo para que a cabeça não lhe ganhe em tanta actividade. Uma noite destas vou fazer corrida, pode ser que evite toda a loucura de sonhar com tanto meio de transporte diferente e tanta mudança rápida entre cada um como sonhei na noite passada...