sexta-feira, 7 de março de 2014

Ontem comentei com uma colega que devo acabar a vida completamente louca. É um pensamento que por vezes me preenche a mente. E, digo mais. Parece-me que o estado de loucura já se iniciou de alguma forma. Isto quer dizer que daqui para o futuro, só vai evoluir e aumentar, espero que muito devagar. E porque acho que se iniciou ? Esta procura interior, esta necessidade crescente de isolamento, esta crença exponencial na natureza, este desejo constante de transcendência, a sensação de vivências únicas no contacto com o Divino (não me refiro a Deus mas a demonstrações d’Ele), a visão de momentos belos no dia em que ignoro tudo o que me rodeia (desde ruídos que não interessam a objetos que não perceciono…) – faz-me acreditar que se iniciou o processo, a caminhada para a loucura. Não uma loucura qualquer, mas a minha loucura, um estádio num nível superior em que estou em perfeita comunhão com a natureza e com o que há de mais belo no mundo. Não preciso de nada do mundo material. Só interessa a essência, o verdadeiro “eu”. Como se tivesse acesso a um portal no tempo. Claro que tenho de isolar-me para buscar esse privilégio de estar comigo mesma. A procura de me encontrar. De usufruir de mim. Talvez se resuma a isso. Mas essa introspeção é muito mais vasta do que possa parecer. É que ao encontrar o meu verdadeiro “eu”, as respostas às perguntas que formulo acabam por não ter importância nenhuma. Deus está comigo e basta-me. N’Ele encontro o que preciso, porque Ele é a essência de todas as coisas. Sinto-me bem comigo em plena natureza, olhando o céu enquanto escuto os sons dessa natureza: o canto dos pássaros, as folhas das árvores que abanam com o vento, as gotas de chuva que caem, o rebentar das ondas do mar, a água que corre fresca, o coaxar da rã, o coelho que passa pela moita… e todos esses sons são transportados para o mundo humano pela música. É uma outra procura que fazemos sem pensar dada a evidência da necessidade de estarmos ligados à natureza. Sempre. É uma loucura que sabe bem. Talvez haja mais loucos para além de mim.

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