segunda-feira, 24 de março de 2014



Sempre. Saramago tem (ou tinha) razão. Lamentamo-nos muitas vezes por dia que se o dia tivesse mais algumas horas talvez (possibilidade ínfima) conseguíssemos completar as tarefas a que nos propusemos. E o que fazemos com o tempo que temos ? Entregamo-nos à rotina pura e simplesmente. Ficamos acomodados. E tudo o que sai dessa rotina, baralha todo o esquema, tudo o que estava planeado. Nem nos lembramos que nada é por acaso, e se acaso algo nos alterou os planos... talvez devêssemos seguir outro caminho. A vida é para ser vivida com garra, sentimento, paixão, alegria ! é para aproveitar e gozar ! Tem de ser algo intenso, que deixe marca positiva, algo que contribua para boas recordações ! Só assim seremos eternos, porque permaneceremos na memória de alguém e no coração também . Who wants to live forever ? Me ! :)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Ainda há pouco tempo estive entretida a coser à máquina. Sim, na Oliva da minha avó. Tem um valor sentimental extremo para mim, como se a minha avó estivesse presente no momento em que toco nos seus pertences.... E como sempre quase não alinhavei o trabalho. Não segui o fio condutor que seguem todos os que cosem. Tal como na vida. Não faço grandes planos. Sigo em frente buscando o que pretendo. Se correr mal, paciência - logo sofro as consequências. De realçar que ao coser sem seguir o alinhavo acabo por empenhar-me mais, dedicando-me inteiramente para atingir a perfeição, do que se seguisse o fio condutor. Tal qual como na vida, não tenho quem me desbrava caminho, vou sem medo, com fé e otimismo, acreditando. E isso faz com que me surpreenda a mim mesma e seja feliz com pequenos troféus que vou conseguindo ao longo deste percurso. Tal qual como na costura, compro o tecido e moldo-o consoante a necessidade ou inspiração. Na vida, jogo com os pontos que saem quando lanço os dados e os sopro com esperança.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Ontem comentei com uma colega que devo acabar a vida completamente louca. É um pensamento que por vezes me preenche a mente. E, digo mais. Parece-me que o estado de loucura já se iniciou de alguma forma. Isto quer dizer que daqui para o futuro, só vai evoluir e aumentar, espero que muito devagar. E porque acho que se iniciou ? Esta procura interior, esta necessidade crescente de isolamento, esta crença exponencial na natureza, este desejo constante de transcendência, a sensação de vivências únicas no contacto com o Divino (não me refiro a Deus mas a demonstrações d’Ele), a visão de momentos belos no dia em que ignoro tudo o que me rodeia (desde ruídos que não interessam a objetos que não perceciono…) – faz-me acreditar que se iniciou o processo, a caminhada para a loucura. Não uma loucura qualquer, mas a minha loucura, um estádio num nível superior em que estou em perfeita comunhão com a natureza e com o que há de mais belo no mundo. Não preciso de nada do mundo material. Só interessa a essência, o verdadeiro “eu”. Como se tivesse acesso a um portal no tempo. Claro que tenho de isolar-me para buscar esse privilégio de estar comigo mesma. A procura de me encontrar. De usufruir de mim. Talvez se resuma a isso. Mas essa introspeção é muito mais vasta do que possa parecer. É que ao encontrar o meu verdadeiro “eu”, as respostas às perguntas que formulo acabam por não ter importância nenhuma. Deus está comigo e basta-me. N’Ele encontro o que preciso, porque Ele é a essência de todas as coisas. Sinto-me bem comigo em plena natureza, olhando o céu enquanto escuto os sons dessa natureza: o canto dos pássaros, as folhas das árvores que abanam com o vento, as gotas de chuva que caem, o rebentar das ondas do mar, a água que corre fresca, o coaxar da rã, o coelho que passa pela moita… e todos esses sons são transportados para o mundo humano pela música. É uma outra procura que fazemos sem pensar dada a evidência da necessidade de estarmos ligados à natureza. Sempre. É uma loucura que sabe bem. Talvez haja mais loucos para além de mim.