Estávamos como sempre na brincadeira, dizendo parvoíces que levasse o outro
a rir. Sem ver de quê, olhou para mim e disse “ainda não percebeste que é a ti
que amo ?” Fiquei sem resposta, atordoada. O momento por que sempre esperei,
parecia que tinha parado no tempo… como é que me estava a dizer aquilo ? Há
quanto tempo esperava eu aquela certeza ? Afinal havia um sentido em cada
gesto, em cada toque, uma justificação para cada retorno ! sem saber muito bem como reagir, soltei um “deixa-te de
brincadeiras, tás a gozar” e ri passando à conversa seguinte. Fiquei com aquela
sensação boa de um amor secreto mas perdi a oportunidade de explorar a
confissão. Nem uma adolescente reagiria assim. No fundo, também o amo em segredo
desde que o conheci melhor. Ele sabe e não leva a sério, o que agradeço. Às vezes
torna-se difícil este sentimento absurdo que inspiro e me invade as veias. Toda
esta "não presença" cria expectativas de momentos que nunca irão ocorrer… porque
a vida é mesmo assim. Ele gostar de mim assim como eu gosto dele ? Só mesmo em
sonhos o admitiria. Nem sei se quero sonhar mais ou se o quero na realidade. Ao
vivo foge ao que quero. Em sonho dá o que não espero. Ilusão. Sempre. Não vai
longe nem perto, não existe. Pura quimera.
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