Queria escrever-vos uma mensagem de Natal bonita, diferente de todas as que tenham recebido.
Queria agradecer a cada um de vós que lê as parvoíces que me passam pela cabeça.
Saibam que há mais gente fora de Portugal a ler-me do que os que cá estão.
Queria saber o nome de cada um para que os votos de Boas Festas fossem personalizados.
Gostava de saber quantos de vós não comemoram o "meu" Natal e porquê - se por serem de uma religião diferente, se por acharem que o consumismo reina sobre o espírito natalício, ou por outras razões...
Mas depois dou comigo a pensar em todos os que se encontram na maior miséria de sempre. Nas crianças que deixaram de chorar, cheias de pó e sangue seco, de olhar perdido, sem brilho. Nas mães que lamentam a perda dos filhos num qualquer rebentamento. Nos filhos mais velhos que se recusam a deixar para trás um corpo de um irmão mais novo que embalam morto nos braços...
Dou comigo a pensar na fome, na falta de vacinação a que tantas crianças estão sujeitas, na falta de afeto, de instrução, de orientação.
Vem-me ao pensamento as mulheres (e tantos homens) vítimas de violência doméstica, e as crianças que são "apanhadas" nessa rede de maus tratos.
Penso nas crianças vítimas de desejos absurdos de adultos cujas sentenças deviam ser mais pesadas e cumpridas.
Penso nestes burlões todos que andam à solta a comer à conta dos impostos que pago e dos quais não posso fugir.
Penso que tenho tido tudo o que preciso.
Que sou feliz com o que tenho, embora nada seja meu porque estou de passagem e essa possessividade é apenas temporária.
E sinto um pontinha de culpa.
Por tudo isto, a minha mensagem só pode ser,
sejam felizes onde quer que estejam, como quer que estejam
Façam uma oração pelos que precisam mais do que nós, porque há sempre quem precise.
E tenham esperança.
Acreditem.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Quer queiramos ou não, todo o nosso presente/futuro é reflexo do nosso passado. Somos um somatório de consequências de actos passados, nossos ou de outros que nos tenham afetado de alguma forma direta ou indiretamente. Parece complicado - e é, muito. Somos complexos. Bastante complexos. E tudo está relacionado e interligado numa relação múltipla de causa/consequência, estímulo/reacção… E no que toca a estados emocionais ainda é mais complexo e interminável. Desde que nascemos que acumulamos experiência. Aliás, acredito que o tempo passado no ventre materno está algures guardado num local da memória e também tem o seu peso, para melhor dizer, contribuição em todo este processo de existência, esta caminhada a que chamamos vida. Gosto muito de observar pessoas e estudá-las através dos seus comportamentos, pensamentos, palavras. E também a mim me analiso e na maior parte das vezes não me consigo explicar/entender (agradeço a quem me rodeia e comigo tem de se relacionar por este ou aquele motivo pois não sou uma pessoa fácil). Tive uma infância muito feliz, com modelos humanos muito importantes na minha vida e foi todo esse conjunto que contribuiu para o que sou hoje. Construí com todos esses “pedaços” uma mulher segura, com boa auto estima, positiva, bem disposta, responsável, … e … teimosa, orgulhosa … - adiante! Mas como acontece com todas as pessoas também tenho uns “senãos”, uns entraves que não me deixam evoluir porque ainda não os percebi embora os tenha detetado e aceite. Também estes elementos contribuem para o que sou hoje. Mas quem se relaciona comigo não sabe nem metade da minha estória. Assim como eu não sei das estórias dos outros. Só poderei saber se me contarem, mas nunca sentirei como sentiram. Mas por isso mesmo, devemos aceitar-nos como somos. Se algo foi menos bom, talvez seja uma boa ideia tentarmos melhorar o seu efeito para não sentirmos os efeitos negativos toda a vida. Até ficaremos satisfeitos connosco ao conseguirmos ultrapassar esses obstáculos para que possamos transmitir a novas gerações a possibilidade de mudar para melhor. Se alguém teve uma má infância não deve proporcionar o mesmo a um filho ! Mas as pessoas não reagem todas da mesma maneira. Há as que nunca ultrapassam os traumas que as afetaram, e prolongam-nos indeterminadamente e, acredito que por vezes o façam de modo inconsciente não se apercebendo da sua atuação, não ouvindo o eco das suas palavras. Talvez porque não tiveram ajuda para superar momentos difíceis, memórias que se tornam constantes. Mas também hás as pessoas que tiveram ajuda e que mesmo assim se tornam elas próprias em vítimas dessas memórias e de outras que se vão adquirindo ao longo da vida mas que não seriam propriamente más, só que o indivíduo está de tal forma sistematicamente carente que transfere cada situação para o seu passado, lamentando-se sobre si mesmo de uma forma doentia, entrando em círculos que pelas suas características não terão fim. Sente-se ameaçado, inseguro e adquire ora uma postura agressiva ora uma postura débil, consoante a variação da memória que domine. Na postura agressiva, o individuo controla, ordena, mostra compaixão, superioridade, determinação na resolução. Na postura débil, vitimiza-se, a emoção está ao rubro, a carência exalta o pior que há em si na sua vivência/memória. Talvez esta postura mais delicada corresponda ao período de vida em que tenha ocorrido situações invulgares ou impensáveis que por isso se tornem marcantes. Infância ? Pai, mãe, avós, tios, primos, amigos, colegas, vizinhos… reflexo para a vida ! Amor, amizade, ... em suma relacionamentos, para os explicar/entender viajemos ao passado. É preciso querer ser feliz e aprender a sê-lo com o que se tem !
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