segunda-feira, 18 de julho de 2016

Calor. Muito calor. Férias sem descanso absoluto como tanto desejaria. Afazeres, burocracias a resolver, prazos para cumprir... A temperatura da água estava no ponto e o tempero salgadinho como convinha. Tanta gente na praia e à noite na rua. Não conhecia ninguém e no entanto pareceu-me conhecer todos. Aquele ambiente familiar de famílias mais ou menos numerosas, todos com problemas idênticos. E senti-me ao mesmo tempo, como se estivesse numa qualquer outra praia em qualquer parte do mundo, pela variedade de línguas que os meus ouvidos detetavam. No fundo, eram quase todos portugueses, mas a língua mãe é falada no país para onde emigraram e por cá perdem-se a falar a língua que foram obrigados a desenvolver para vingar profissionalmente em busca de uma vida melhor. Mas os hábitos são os nossos. E à noite deixam-se levar pelo som de um acordeão de toca o "Corridinho" no largo da fonte. E vêm com algum esforço financeiro passar este tempo santo na praia com toda a família para matar saudades do clima, do mar que é nosso, do sol, das sardinhas e envergando o calção de banho de lycra lá mergulham na onda que rebenta e os enrola até baterem com as costas ou a barriga na areia e sairem de lá todos vermelhos mas sorridentes (porque dominaram a situação !) enquanto as esposas os vigiam orgulhosas. Admiro muito estas gentes que se mobilizam, que se arriscam, que se aventuram a partir para fazer vida noutro país sempre a pensar que "um dia" voltam. Será mesmo ? Para onde? Para quem ?
O país devia preparar-se para reintegrar todas estas pessoas tão capazes, tão lutadoras pelos seus sonhos, não sou ninguém de voz ativa mas prevejo que muitos dos nossos emigrantes vão voltar brevemente a Portugal. E devíamos recebê-los da melhor forma e criar condições para que não saiam mais.

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