terça-feira, 31 de maio de 2016

Eras um pequeno pássaro que mal piava quando te peguei ao colo
As tuas penas coloridas encheram os meus olhos de alegria
As pequenas asas abanavam pedindo atenção
Mostravam o desejo infinito de querer voar pela primeira vez
Acolhi-te no meu peito e afaguei o teu corpo trémulo
Deixei que descompassasses as batidas do meu coração
Alimentei o teu desejo tornando-o meu
Fiquei enfeitiçada pelo teu canto melodioso
E juntos voámos pela planície como se não houvesse fim !



... vamos aprendendo a fechar portas cuja passagem já não interessa e evitamos correntes de ar que nos deixam adoentados. No entanto há terapias diárias que parece não terem fim; são como aqueles regimes que devemos seguir para manter o equilíbrio na saúde, há um dia com um deslize e ficamos com uma dor de barriga. Assim é o relacionamento com certas pessoas. Se damos confiança a mais, a desilusão rapidamente se manifesta. E no meio de tantas, há umas poucas que verdadeiramente se interessam muito connosco. Chamam-se "amigos".


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Cada vez mais percebo melhor que quanto menos bens materiais tivermos mais ricos ficamos. Cada dia que passa mais repudio o consumismo e mais amo a Natureza. Tudo se compra, tudo se paga, tudo se faz baseado em jogos de interesses, ninguém dá ponto sem nó. Com a Natureza sinto-me integrada, não preciso de entrar em acordos, chantagens, subornos, falsidades, o que é está à vista. Precisamos de tão pouco para sermos felizes. E não é dinheiro com toda a certeza.










Se tenho que trabalhar para ter acesso à tal moeda de troca que me paga as despesas, devia ser num local como este (cheio de animais) que visitei e não entre quatro paredes...


terça-feira, 24 de maio de 2016


Desilusão.
Desiludida com as voltas que a vida dá. Caminhos diferentes num labirinto interminável em que a saída é sempre a mesma. Porquê ?
Procuram-se alternativas, buscam-se novos rumos e vimos que o destino é idêntico.
Não, o problema não está no caminho escolhido, o problema está em quem escolhe o caminho. Se sou eu que escolho o meu caminho, a minha atitude perante o mesmo tem de mudar. É isso ! A partir de hoje o caminho pode até ser o mesmo, mas terá de ter as minhas flores preferidas ! Terá de ter um céu estrelado à noite com uma lua feliz ! Terá de ter os animais que gosto e crianças a brincar !... às vezes penso que não tenho aproveitado corretamente as pedras que encontro no caminho.

sexta-feira, 20 de maio de 2016


O meu canto
onde canto baixinho as minhas mágoas
onde o sol me aquece a alma
deixo os lamentos nas tuas águas...

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Já ouviram falar do método KonMari ? Assenta num conjunto de passos a dar, utilizando técnicas específicas (as quais minimizamos diariamente) para arrumar a casa e consequentemente arrumar a própria vida. É um facto que quando a nossa vida está do avesso isso reflete-se na nossa casa. E como uma coisa leva à outra, parece que vamos enlouquecer seja pela vida complicada que levamos, seja pela "paisagem" desarrumada com que deparamos ao chegar a casa, local supostamente tranquilo e que deve servir como refúgio, conforto. Será com toda a certeza muito mais fácil organizar a casa primeiro para conseguir obter um local que por excelência proporcionará decisões mais conscientes por se encontrar arrumado. Experimentem começar por aquela limpeza geral. Se caminharem na direção dos quartos levem utensílios que lhe pertencem e que ficaram esquecidos pelo caminho. À vinda tragam o que não é para ficar no quarto. Convém ter sempre por perto um saco destinado a lixo.  Nunca abra a gaveta ou o armário da roupa e atire para lá a roupa ! Tudo tem de ser convenientemente dobrado e devidamente acondicionado. E se limpou, arrumou, lavou, feche a porta ! E em poucos minutos a casa vai ficando com outro aspeto e a nossa alma e cabeça também. Claro que há arrumações mais complexas seja em casa ou na vida mas parece-me que se uma estiver organizada, a outra conseguirá organizar-se também. Dêem uma olhada no link konmari.


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Deixei-te um raio de sol no caminho, viste ?
Pensei que quando passasses por lá te recordasses da luz  que juntos emanávamos
Talvez apenas tenhas sorrido
talvez apenas te tenhas surpreendido pelo brilho fugaz
mas aquele raio de sol continha momentos inesquecíveis
risos, brincadeiras, beijos e inúmeras carícias que jamais esquecerei
tinha o brilho dos teus olhos e os sonhos dos meus.

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Para quem como eu gosta de vestir de preto...

O preto é uma cor que normalmente visto. Hoje estou integralmente de preto, embora com um rosto de mulher loira estampado no peito. E sim, adoro vestir preto ! Não só porque adelgaça a figura mas sobretudo para passar despercebida e criar de alguma forma uma barreira de proteção. Assim, só "entra" quem ou o que eu deixar. O preto dá com tudo, com todas as cores, com todos os sentimentos, com quase todas as situações. Só ha uma situação em que tenho o cuidado extremo de não usar esta cor: quando sei que vou estar com crianças pequeninas. E não pensem que a cor nos carrega o semblante. Sou uma pessoa divertida, de ânimo leve (embora teimosa, de personalidade vincada, feitio difícil...). Do que li no link que partilho, quase tudo coincide e isso deu-me uma imensa vontade de rir, como é que alguém que não me conhece sabe tanto sobre mim ?...

sábado, 7 de maio de 2016

Parece que sou uma mãe "castiça", "baril", "bué fixe" de acordo com o feed-back que me vai chegando dos colegas de turma dos meus filhos. Pois. Eu gostava de ter tido 5 filhos e sabem porquê ? Porque sou filha única e como não tive irmãos adorava vir a ter a casa sempre cheia com filhos e netos. Assim do tipo quando o mais velho casasse ainda tivesse um com dez anos. Isso faria com que tivesse netos quando tivesse ainda filhos menores ! E depois seria exponencial ! Teria a casa sempre cheia de vozes, risos, cheia de amor ! Nunca fui pessoa de ter tudo super bem arrumado, gosto que se note que vive alguém cá em casa ! e se o chão se suja ? Ora, andamos com os sapatos no chão, é natural que se suje, logo se limpa depois ! O que interessa é ter gente em casa, conhecer o outro, trocar ideias, partilhar a mesa e os afectos, os sonhos, as piadas... Gosto muito que os meus filhos tragam os amigos à nossa casa e quero que se sintam à vontade para estar, para ficar, para jantar/almoçar, para voltar sempre que quiserem. E enquanto estão debaixo do meu tecto, sei deles e o que fazem :)

sexta-feira, 6 de maio de 2016


Resultado de imagem para dignidadeA dignidade, o respeito, a justiça e igualdade são valores que nos incutem desde que nascemos. Fui criada neles, desenvolvi-os, demonstro-os e passo-os aos meus filhos sempre que há uma oportunidade. Mas mesmo em adulta, é difícil aceitar que pessoas mais "adultas" que eu a quem naturalmente devo respeito, não contenham na sua educação aquilo que para mim faz parte do meu crescimento desde tenra idade. E deparando com a falta desses valores, vejo-me na obrigação de apontar a falta dos mesmos ao "adulto" que se vangloria por outros "valores" muito mais pobres que aqueles que nos dão a verdadeira riqueza. E faço-o sem medo, porque tenho boa autoestima e acima de tudo aprendi o que são dignidade, respeito, justiça, igualdade e outros valores como a humildade que falta a tanta gente...

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quinta-feira, 5 de maio de 2016

Falar menos... ouvir mais !

Esta minha condição de afonia devido aos maravilhosos polens que invadem as minhas vias respiratórias, instalando-se nos brônquios, deixam com que perca a vontade de comunicar. A voz é por excelência a mais fácil forma de comunicar e estando privada dela por razões alérgicas, deixam-me quedada, sem forças, sem vontade de explicar o que quer que seja, até porque os anti-histamínicos "pesam"... Enfim, quando estamos calados, deixamos mais espaço no ar para ouvirmos o que os outros nos dizem. Sim, porque mesmo que tentemos dizer algo, a própria dificuldade com que vamos proferir a palavra faz com que optemos pelas mais explícitas, mais curtas e transparentes pois são menos as oportunidades que vamos investir no discurso. E se mesmo assim, o receptor da mensagem não a entendeu (ainda que sem interferências), não merece o nosso esforço de justificar/explicar absolutamente mais nada. E aí, vimos a essência da pessoa a quem dirigimos as nossas palavras, as quais já por si valem pouco para a pessoa que as ouve e por isso, não vale a pena substituir por outras.

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terça-feira, 3 de maio de 2016

Acredito em Deus e acredito que me põe à prova muitas vezes. Ontem foi através de uma senhora com alguns problemas mentais, no estabelecimento onde eu tomava um café e uma empada de galinha (deliciosa !). Veio ter comigo e disse: "não me paga um cafézinho?" ao que respondi que não sabia se seria perigoso pois a senhora poderia ter tensão alta. E ofereci-me para lhe pagar um pãozinho com algo à sua escolha, pensando que a senhora me deixasse e que apenas andasse a pedir por vício, como tantos outros. E ela disse "e se fosse um salgadinho?" Respondi-lhe que as empadas eram ótimas e perguntei se queria uma. Como concordou perguntei à empregada quanto custava uma empada (pois quando pago nem reparo no preço). Acreditam que as moedas que tinha na carteira todas juntas faziam precisamente o valor a pagar pela empada ? Imediatamente fui retirar uma senha de vez e entreguei à senhora com o dinheiro para a empada.
São pequenos sinais como estes que me fazem acreditar Nele e me levam a descentralizar mais as atenções de mim para os outros.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Conto "L & J" - parte 4 (final)

O carro de Jorge foi encontrado durante o período da tarde desse dia, na encosta de uma perigosa estrada a cerca de 30 km da sua residência.  O corpo, encontrado umas horas depois, fora cuspido durante o capotamento. Lurdes perdera muito sangue durante a cesariana e entrara em estado febril. Continuava na sala de observação após doze horas sem ver os seus bebés, sem ver ninguém. Os recém nascidos estavam aos cuidados das enfermeiras atentas que rondavam as incubadoras. Melhorou durante a noite e de manhã transferiram-na para o quarto. A meio da manhã, bateram à porta e entrou um rapaz alto, barba aparada, olhar doce, com um à vontade solto mas educado. Sentou-se na cama a olhar para ela. Lurdes sentia como se o conhecesse mas não sabia quem era nem o que dizer, afinal esperava a visita do marido e aparecia-lhe um sedutor a falar com os olhos ?! Era Júlio. Cabia-lhe dar a trágica notícia à cunhada que ainda não conhecera, os pais estavam destroçados e o irmão telefonou-lhe para que viesse o mais rápido possível. E ali estava ele perante uma mulher serena, que acabara de ser mãe outra vez, cujos olhos o interrogavam sobre quem seria. Apresentou-se e não tendo como evitar ou disfarçar, deu-lhe a notícia nua e crua. Lurdes ficou branca mas não chorou. Olhou para a luz que vinha da janela com o olhar perdido e apenas disse: “já sentira que algo terrível tinha acontecido, obrigada por teres vindo. Se foi a vontade de Deus… temos de aceitar e continuar. Já viste os bebés ?” Júlio disse que não. Não podia imaginar que Lurdes era assim tão corajosa. Ou será que de algum modo já esperaria um desfecho como este ? Ou será que Jorge tinha aberto totalmente o seu coração à sua mulher e contado aquilo que Júlio nunca lhe perdoou ? Não era pessoa de ficar na dúvida e apesar de não conhecer a cunhada teve de abrir o jogo com ela e perguntar-lhe o porquê daquela reação tão pouco reativa, tão pouco emotiva. Lurdes disse que pressentira que a sua vida iria mudar radicalmente. A fraca relação com o marido, as suas ausências e falta de apoio, não poderia continuar uma vida de mentira. E mais. Na galeria tinha feito amizade com Marta, uma mulher pouco mais velha que ela com um passado difícil, mãe solteira de um lindo rapaz de 10 anos chamado... Jorge. Sim, Lurdes sabia desse filho do marido e nem Marta sonhava que afinal Lurdes era casada com o pai do seu filho. Esperava que o marido se abrisse consigo e lhe dissesse porque não assumia a criança, esperava que lhe dissesse onde passava as noites, ou que justificasse as ausências inesperadas com as crises de asma do filho. Júlio ficou com os olhos cheios de lágrimas e perguntou-lhe se ela sabia porque estava ele longe da família. Lurdes abanou a cabeça negativamente. Então o cunhado contou-lhe que Marta era a mulher da sua vida, conhecera-a acidentalmente numa saída do Metro no aeroporto e desde aí tinha percebido que era ela a quem desejava. No entanto, numa festa de fim de semana para a qual convidou Jorge porque este pouco saía na altura, Júlio foi chamado de urgência ao hospital devido a um grave acidente ocorrido na auto-estrada. Marta ficou aos cuidados de Jorge e entre copos e danças, acabaram por se envolver e sairam os dois quentes e loucos, prestes a explodir de excitação sexual. Não correu como seria esperado pois Jorge acabou por forçar a situação, deixando Marta com algumas marcas de agressão. No dia seguinte, Júlio teve vontade de matar o irmão quando este lhe contou o descontrole que tinha dito. Procurou  Marta por todo o lado e nunca conseguiu em lugar nenhum qualquer notícia dela. Não conseguia encarar o irmão, a família, e decidira ir para longe. Agora sabia de Marta. A sua Marta que não soube defender do próprio irmão...

Com a herança que recebeu, Lurdes decidiu sair da quinta e mudou-se para uma casa térrea, modesta em pleno campo. Consigo levou os filhos, naturalmente, e a babysitter que conhecia os seus filhos tão bem como ela. Tinha a serenidade que precisava para pintar e a galeria começava a ter o sucesso com que sonhara. No momento não precisava de mais nada.
Nunca contou a Marta quem era verdadeiramente. E Júlio tinha embarcado para África após o funeral. Não podia apagar o passado porque senão nem teria os filhos que tanto amava. Mas achou que seria melhor guardar esse pedaço da história na gaveta, pois não beneficiaria ninguém. Só lhe restava desejar que a filha não se apaixonasse no futuro por um Jorge ...

FIM