sexta-feira, 17 de outubro de 2014

É aborrecido quando pensamos que temos amigos que o são e afinal acabamos desiludidos. Isto sempre aconteceu – não há nada de novo. Todas as pessoas passaram por isto de uma forma ou de outra. O que acho no mínimo caricato, é que depois de tanta experiência, depois de tantas amizades falhadas, continue a acontecer como se fosse a primeira vez. Cria-se uma relação com pontos comuns, partilham-se umas gargalhadas no meio de umas confidências e depois… termina de uma forma tão inesperada como começou ! quer dizer, terminar não termina, mas altera-se a relação necessariamente pois é inconcebível continuar com tanto desencontro e intolerância a pequenos detalhes. E custa. Custa porque aquela pessoa faz parte da nossa vida. Quase diariamente há um contato, uma palavra. E custa quando queres desabafar sobre algo que te preocupa dia e noite e te apercebes que o teu problema não é significativo perto dos milhentos problemas dessa pessoa amiga, que antes de te ouvir expõe uma lista infindável de coisas que lhe correm mal. E calas-te. E guardas. Susténs a respiração e o grito fica para mais tarde. Agora não convém. Mas depois também não. E guardas. Adias para não mais falares com essa pessoa sobre o assunto que te preocupa, e até é grave. Mas não interessa. Tudo é relativizado e percebes que tens de fazer o caminho sozinho independentemente do tempo que fará. E se caíres com o cansaço ou doença, descansa ou medica-te. Mas nunca olhes para trás. O caminho é em frente. E em tantos caminhantes que irás encontrar, estará um que irá ouvir-te mesmo que em silêncio porque não precisarás de dizer algo para que te compreenda. Vai. Em frente é o caminho.

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