É com as mãos que trabalho. Através delas me exprimo. Ou
moldo, construo a vida. É com elas que transformo simples ingredientes em
poções mágicas fantásticas na minha cozinha. Nunca esquecendo o ingrediente
fundamental: amor, pois sem amor a comida fica sem gosto. É em primeiro lugar
com as mãos que toco as coisas, que as sinto, que as tomo como parte de mim. Antes
mesmo de desenhar algo, tenho de tocar o modelo para sentir o seu movimento, a
sua forma, para que entre em mim pelo tato e possa sair depois pelo carvão. Assim
trato o stress. As mãos que me ajudam a exprimir as palavras são as mesmas que
dominam toda a agitação contida na alma. Por isso, quando estou em silêncio
como que em estado de transe a misturar a palete de cores, o pincel não treme e
o objeto tocado por ele ganha vida pela impressão de sentimentos únicos do
momento. Há como que uma libertação, um alívio, um segredo encriptado que só eu
entendo. Faz-me bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário