terça-feira, 3 de junho de 2014


É com as mãos que trabalho. Através delas me exprimo. Ou moldo, construo a vida. É com elas que transformo simples ingredientes em poções mágicas fantásticas na minha cozinha. Nunca esquecendo o ingrediente fundamental: amor, pois sem amor a comida fica sem gosto. É em primeiro lugar com as mãos que toco as coisas, que as sinto, que as tomo como parte de mim. Antes mesmo de desenhar algo, tenho de tocar o modelo para sentir o seu movimento, a sua forma, para que entre em mim pelo tato e possa sair depois pelo carvão. Assim trato o stress. As mãos que me ajudam a exprimir as palavras são as mesmas que dominam toda a agitação contida na alma. Por isso, quando estou em silêncio como que em estado de transe a misturar a palete de cores, o pincel não treme e o objeto tocado por ele ganha vida pela impressão de sentimentos únicos do momento. Há como que uma libertação, um alívio, um segredo encriptado que só eu entendo. Faz-me bem.

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