sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Olá.
Há tanto tempo... pois é, a vida gasta-se num instante que passa sem darmos por ele ! Assim é o tempo que não chega para tudo. Tudo o que pensamos fazer, tudo o que nos vai nos pensamentos só cabe mesmo aí, nos pensamentos. E a cabeça não tem descanso nunca. Não, nem a dormir. Muitas vezes a dormir até se tomam boas decisões. Já me aconteceu. Mas neste momento nem a dormir tomo decisões, porque nem sonho ou se sonho não me lembro. E durante o dia todo o tipo de coisas me passa pela cabeça, esteja ocupada ou não a fazer algo. E acho que devo escrever sobre determinada ideia mas logo vem outra a seguir. E depois acho que são pensamentos impróprios para consumo imediato ou que são muito "fora da caixa" e que será melhor guardá-los para mim, para logo a seguir me rir desses mesmos pensamentos e dessa auto-avaliação. Neste preciso momento estou a ouvir música dos anos 70 através de headphones em altos berros para não ouvir nada do que se passa à minha volta. Estou farta desta gente que me rodeia. E hoje até é sexta-feira. O dinheiro está escasso. Os amores não abundam. Mas o tempo outonal que prevê a chuva está a deixar em mim um estado de alma apaixonada. Falta-me a boa companhia para um daqueles almoços regado com um bom branco a acompanhar um peixinho à maneira. Ao contrário, vou optar por um almocinho bem leve, uma caminhada e uma leitura no fim. Quase a mesma coisa. Fisicamente, é capaz de dar a mesma satisfação química. E rio-me disto tudo, porque gosto de rir, sou adepta da boa disposição, da gargalhada, de levar a vida com optimismo, se a vida me dá limões pois outros que bebam a limonada que eu aproveito para fazer um bolinho bem doce e um cházinho aconhegante ! Vejo tanta coisa triste, tanta vida errante e levada com sacrifício, tanta injustiça, tanta falta de amor... Tenho dias que fico quase doente, incomodada, magoada com a sociedade actual, levo para casa os problemas de quem não conheço mas que me emocionam, me tocam. E revolto-me e choro. Depois passa. E como que crio um mundo à minha medida, cheio de fantasia e coisas boas, quase uma bolha, um campo de proteção na medida do possível, e recuso-me a fazer parte deste sistema social corrupto e nojento. Desligo. Desligo da "aldeia global". Isolo-me. Mas o quotidiano está de tal forma viciado que sei que mais tarde ou mais cedo, se quiser manter os laços afetivos/sociais com os demais vou ter de ligar-me à civilização. Quem não aparece, esquece. E acrescento, quem não é amigo, é substituído. E ao mesmo tempo nada disto me parece estranho. Compreendo cada vez mais aquelas pessoas com mais idade que dizem não ter nada a perder, que ganham coragem para uma série de coisas sem se importarem minimamente com o que os outros possam pensar ou dizer. Estou a entrar nesse comboio. Até ao meu regresso. Ou ao vosso.