No outro dia, quando a minha filha me apresentou uma colega de escola, eu apresentei-me como a mãe da minha filha. Assim, sem dar o meu nome. E sorri. A miúda respondeu automaticamente "a minha mãe odeia ser chamada de 'a mãe de X' ". Só pude dizer que a senhora tinha todo o direito de assim pensar mas que eu não tenho problema algum com isso, muito pelo contrário. É frequente quando parimos um filho sermos tratadas como a mãe desse filho pois quer se aceite ou não, a nossa condição mudou. Passámos a ter a responsabilidade desse ser que parimos, o nosso corpo sofreu alterações que ficam para o resto da nossa vida e da vida do ser que parimos, seja em herança genética, seja em marcas corporais, tudo muda desde que concebemos. Mais. Tenho muito orgulho em ser mãe e particularmente em ser mãe dos meus dois filhos. Em nada me diminui, em nada me sinto reduzida ou limitada por ser mãe. A maternidade acrescentou valor à minha pessoa. Sou muito mais rica, mais mulher, mais realizada. No entanto, aceito e respeito quem não se sente assim. E um filho não faz uma mulher. Há grandes Mulheres que não foram mães e não precisavam de o ser para serem mulheres representativas e importantes na sociedade. Por isso, quando no infantário comecei a ser chamada de "mãe", sorri e aceitei feliz. Afinal eu própria coloquei esse meu papel à frente de todos os outros que desempenhava. E continuo a fazê-lo. É aí que está a diferença.